Intolerância religiosa motiva Congresso Internacional para paz
O aumento no número de casos de intolerância e racismo em todo Brasil assusta. Evento no Rio de Janeiro busca encontrar soluções para a paz
Por Cleber Siqueira
Levantamento realizado pela GloboNews mostra que de janeiro a junho de 2022, foram feitas 545 queixas de intolerância religiosa em todo Brasil, pelo Disque 100, serviço para denunciar violações de direitos do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
Os estados com mais registros foram São Paulo (111 queixas), Rio de Janeiro (97), Minas Gerais (51), Bahia (39) e Rio Grande do Sul (26).
Comparado ao mesmo período de 2021 -466 casos-, houve um aumento em torno de 17%. Durante todo ano foram 1.017 denúncias.
O crescimento do número de casos de intolerância religiosa em todo país, associado à “normalização” de atividades discriminatórias são alguns dos motivos que levam à realização do 1º Congresso Inter-religioso Internacional, no Rio de Janeiro.
O encontro vai contar com nomes como o do cardeal arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta; o lama Richen Khyenrab, discípulo do Dalai Lama, o cacique Carlos Tukano, presidente do Conselho Estadual do Direito do Índio, e Dona Maria do Nascimento (Mãe Meninazinha de Oxum), entre outros. No total serão 23 líderes de diversas religiões.
Luzia Lacerda, idealizadora do encontro, conta que “diante do número assustador de casos de intolerância e racismo, que tomamos conhecimento todos os dias, e da banalização dos discursos de ódio, precisa haver um caminho para nos pacificarmos“. Luzia carrega há 11 anos, a experiência de realizar atividades dedicadas ao respeito religioso.
O evento, que acontece entre os dias 16 e 18 de setembro, no Hotel Prodigy, no Centro da cidade, terá ainda a participação de professores, juristas e nomes da imprensa. A programação conta também com três painéis sobre temas como Liberdade, Intolerância e Políticas Públicas.
– Disque 100 –
O serviço Disque 100 funciona 24 hs por dia e serve à disseminação de informações sobre direitos de grupos vulneráveis e de denúncias de violações aos direitos humanos, como pessoas idosas, PCDs, população LGBTQIA+, população em situação de rua, além de crianças e adolescentes entre outros.
As ligações podem ser feitas de todo o Brasil por meio de discagem direta e gratuita por qualquer pessoa que queira reportar alguma notícia de fato relacionada a violações de direitos humanos, da qual seja vítima ou tenha conhecimento.
– A intolerância contra religiões de matriz africana –
Segundo dados da Secretaria da Justiça e Cidadania do estado de São Paulo, as religiões de matriz africana, como umbanda e o candomblé foram as que mais sofreram preconceito por intolerância religiosa no primeiro semestre de 2022, com 110 denúncias. Números superiores aos registrados em 2019, quando foram feitas somente 17 queixas durante todo o ano.
– Legislação –
Em São Paulo, a Lei Estadual nº 17.346/2021, sobre a liberdade religiosa, pune administrativamente as pessoas que cometem atos de intolerância religiosa. Já, a Secretaria da Justiça, por meio da ouvidoria, recebe as denúncias, realiza a investigação e processa administrativamente o denunciado. Se condenado, o infrator pode pagar multa de até R$ 95 mil.
Foto: Pixabay
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