Porquê apenas 17 minutos de YouTube podem acabar com o preconceito

Porquê apenas 17 minutos de YouTube podem acabar com o preconceito
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Estudo da Universidade de Essex, na Inglaterra, revela como a conexão digital pode diminuir os níveis de preconceito de seus seguidores

Por Cleber Siqueira

Dezessete minutos! Esse é o tempo necessário para uma pessoa diminuir seus níveis de preconceito, assim que assistem youtubers que revelam suas lutas ligadas à saúde mental. Pelo menos, essa é a conclusão de uma nova pesquisa da Universidade Essex, na Inglaterra.

Segundo o estudo depois de assistir a apenas 17 minutos do conteúdo, os níveis de preconceito explícito e os de ansiedade intergrupo caíram. A percepção de preconceito dos voluntários sobre os transtornos relacionados à saúde mental caiu em torno de 8% e os níveis de ansiedade intergrupo diminuíram 11%.

O trabalho, publicado na Revista Scientific Reports, explorou como as conexões com criadores do YouTube tendem a afetar o comportamento do público. Essa relação entre espectador e youtuber é conhecida como parassocial.

– A pesquisa –

Participaram do estudo, realizado de forma online, 333 pessoas com uma idade média de 26 anos, sendo 191 mulheres, 126 homens e três pessoas não-binárias. Eles foram divididos em três grupos e submetidos a vídeos diferentes que tratavam sobre Transtorno de Personalidade Limítrofe (TPL), que é uma condição que, entre suas características, tem um padrão de instabilidade em relacionamentos, humor e comportamento, além de questionamentos com autoimagem.

Os grupos realizaram uma série de tarefas para medir suas percepções de TPL e condições gerais de saúde mental com uma pesquisa de acompanhamento adicional ocorrendo uma semana depois.

Em um dos vídeos, centenas de pessoas assistiram a uma mulher que revelou ter TPL e falou sobre os equívocos comuns sobre sua condição. Depois de 17 minutos, os níveis de preconceito explícito e de ansiedade intergrupal já haviam diminuído.  Porém, como isso poderia ter sido provocado pelo impacto das revelações da youtuber, havia necessidade de uma complementação do estudo.

Assim, uma pesquisa de acompanhamento, uma semana depois, mostrou que não só os níveis mais baixos de preconceito foram mantidos, mas que ainda cerca de 10% dos participantes tomaram medidas que apoiavam iniciativas de saúde mental.

O estudo, liderado pelo dr. Shaaba Lotun, considerou a pesquisa de importância vital, principalmente pelo impacto que conteúdos online têm na vida das pessoas. “Existem mais de 2 bilhões e meio de usuários ativos no YouTube todos os meses e isso pode ter um grande impacto na conversa global“, disse.

Lotun explicou que um dos objetivos era descobrir se um criador falando sobre seu distúrbio de saúde mental poderia impactar positivamente as pessoas que o assistiam. “Parece que este é o caso, e sinais de que níveis mais baixos de preconceito têm um impacto de longo prazo é um caminho interessante a ser explorado“, ressaltou.

Mas o cientista fez um alerta: “Obviamente há um outro lado dos aspectos positivos que isso pode trazer, com criadores de má-fé capazes de incitar preconceito e espalhar ódio“.

E continuou, “muito foi escrito e relatado sobre o efeito negativo que a mídia social pode ter em todas as nossas vidas, mas eu queria ver se também poderia ser aproveitado como uma ferramenta para melhorar a sociedade.”

A expectativa agora é de que o estudo seja expandido para explorar como os relacionamentos parassociais e o conteúdo online podem moldar as percepções da comunidade LGBTQ+ e de outras comunidades minoritárias.

É emocionante explorar o impacto positivo em larga escala que isso pode ter para aumentar a compreensão e diminuir o preconceito na sociedade“, finalizou.

Com informações da Universidade Essex
Foto: Mikhail Nilov/Pexels

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Cleber Siqueira

Cleber Siqueira

Jornalista, é autor do livro "Fernando, o menino sem dedos". Fundador e editor do Portal Viver Sem Preconceitos, tem pós-graduação em Sociopsicologia. Sua monografia, intitulada "Homossexualidade, o amor às chamas: um breve ensaio sobre o preconceito", faz uma análise entre a literatura específica e a vida real da população homossexual no início dos anos 2000.

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