Paciência!

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“Ultimamente só peço paciência a Deus. Antigamente eu pedia saúde, mas saúde sem paciência não dá certo”

Por Cristina Angelini*

Ouvi “essa oração” em uma pequena fila do caixa de um supermercado. Explico: uma senhora estava discutindo, em voz baixa e utilizando termos civilizados, com a funcionária – operadora de caixa – ela reivindicava que na prateleira a etiqueta mostrava que o produto custava 10,00 e ao passar no caixa apontava 11,00. A fila aumentava e a funcionária argumentava que não tinha ninguém pra ir verificar. Então, a cliente, uma sra. elegante, de cabelos brancos, deveria escolher entre levar por 11,00 ou não levar. A sra. dizia “preciso do produto e não tenho 11,00, apenas 10,00“. O próximo cliente da fila disse – “pode levar eu acerto pra sra.“, mas ela disse “não é o caso. Eu tenho 10,00 reais e na etiqueta consta 10,00“. Depois de muita espera um funcionário chegou com a etiqueta que mostrou que a sra. estava correta.

Então, é necessário chamar a gerente para autorizar a venda do produto pela etiqueta da prateleira e não do produto. A gerente se dirige ao caixa coloca uma senha no computador, imprime um papel, dá um visto. Digita outra senha e libera o caixa. Finalmente a fila anda. O curioso são os comentários: um sr. disse – “se não tem dinheiro não vem no supermercado – Pra que essa pose elegante se não tem 11 reais?” Uma jovem completou – “orgulhosa, por que não aceitou 1 real daquele cara?” Outro ainda perguntou – “Por que ela não usa cartão? Quem é que sai de casa com dinheiro contado pra comprar uma coisa tão necessária, como ela mesmo disse?”. E claro, a maioria olhando o celular na fila nem percebeu o tempo e muito menos o que ocorreu, mas vamos voltar a moça que pede paciência a Deus.

Alguém no supermercado colocou a etiqueta na prateleira, cumprindo uma ordem. Esqueceu, ou não foi informado, que deveria trocar a etiqueta do produto ou avisar a gerente dos caixas. Aconteceu um erro e quase uma sra. fica sem um produto que ela tanto necessitava, mas repare nos comentários e julgamentos feitos pra essa sra. que ninguém sabe o nome, a idade e a necessidade de adquirir esse tipo de produto. Sem contar que um erro de uma pessoa, colocar o valor apenas na prateleira, pode ter gerado. Alguém naquela fila pode ter perdido o ônibus, outro chegou atrasado em uma consulta médica e os que fizeram comentários perderam o tempo enviando energias ruins pra quem não conheciam. Simplesmente porque estavam “sem paciência, ou são intolerantes – não é como eu quero então não é, não vale, não presta etc”.

Por isso pedir paciência pra Deus parece brincadeira, mas vamos combinar que é necessário para manter a própria paz interior e não fazer nada do que se arrependa depois. Afinal, a sra. elegante estava apenas exercendo seu direto de consumidora, mas deixo aqui uma reflexão: e se a sra. do caixa fosse negra, estivesse mal vestida? Qual teria sido a reação dos mesmos que estavam na fila?

*O texto produzido pelo autor não reflete, necessariamente, a opinião do Portal VSP

Cristina Angelini
Colunista VSP

Profissional com mais de 40 anos de experiência em comunicação, é mestre pela Faculdade Cásper Líbero e graduada em Jornalismo e Relações Públicas. Diretora do Canal Angelini no Youtube, entrevista líderes religiosos com foco na disseminação da cultura do encontro e da paz.

Foto: Monstera/Pexels

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