Pesquisa mostra que mais de 50% dos obesos sofrem preconceito no trabalho
Estudo em curso da UFMG mostra como gordofobia diminui oportunidades de crescimento profissional
Por Cleber Siqueira*
Dados de um estudo ainda em curso da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) apontam que mais de 50% dos obesos sentem ou já sentiram alguma forma de preconceito no trabalho por causa do peso.
Desde comentários maldosos, passando pela precariedade na acessibilidade até a falta de reconhecimento profissional e, consequentemente, poucas oportunidades para o crescimento na carreira são algumas das formas de gordofobia no trabalho.
Além de minar a autoestima, o preconceito oprime trabalhadores que, inseguros, encontram barreiras nas próprias empresas para denunciar.
Doutoranda em comunicação social, Dayana Barboza, responsável pela pesquisa, analisa que os dados apontam para a necessidade das empresas repensarem políticas de diversidade e de fortalecimento de ações de inclusão voltadas a trabalhadores obesos. “Dos entrevistados, 59,7% disseram que não sentem haver ambiente seguro de acolhimento das denúncias nas empresas“, diz.
Para ela, mesmo com grande interesse das empresas em atuar na área de diversidade e inclusão, a gordofobia é deixada para trás, inclusive em “ambientes mais progressistas”.
Outro dado que já pode ser retirado da pesquisa diz respeito à forma como a gordofobia tem afetado oportunidades profissionais. Dos participantes da pesquisa, 58,6% disseram que foram prejudicados durante algum momento do processo de seleção por serem obesos.
“Muitas vezes as pessoas gordas são contratadas, mas não conseguem subir em processos internos apenas pela sua aparência, mesmo tendo um excelente currículo. Como vão se sentir confiantes em desempenhar o melhor trabalho, se o seu chefe acredita que pessoas gordas são preguiçosas, desleixadas e burras?“, reflete a psicóloga Gabriele Menezes da Costa, especialista em transtornos alimentares e de imagem e ativista na luta antigordofobia.
Para a influenciadora digital, Ana Luiza Palhares, conhecida como Cinderela de Mentira, a questão não é sobre estética: “é sobre respeito e quebra de padrões”. “Precisamos entender que um corpo obeso é só um corpo. Ele merece respeito e é tão digno e eficiente como qualquer outro tipo de corpo. Muitas vezes, as pessoas perdem oportunidades de trabalho por questões que vão desde coisas simples como uniforme do tamanho correto até questões complexas, como a falta de acessibilidade ou a maneira de enxergar a pessoa como incapaz“, explica.
Nessa linha de raciocínio, Dayane Barbosa diz que “a gordofobia é um preconceito estrutural, institucionalizado, que vai se caracterizar pela privação de direitos“.
Tanto no ambiente de trabalho como nas relações sociais, a gordofobia, assim como outros tipos de preconceito e discriminação, tem trazido diariamente diversos aspectos que precisam ser lembrados e levados à discussão.
Os prejuízos causados a quem sofre uma discriminação não atingem somente a aquele indivíduo, assim como qualquer benefício implantado a uma class,e beneficia todo o coletivo, inclusive aqueles que não sofrem o preconceito.
Para finalizar, a influenciadora cita alguns exemplos de situações gordofóbicas que merecem ser debatidas.
- Falta de estrutura em estabelecimentos (vão desde cadeiras que não comportam o peso da pessoa até a falta de acesso a equipamentos de saúde);
- Dificuldade de opções no mercado de vestuário;
- Gordofobia na alimentação. “É como se precisássemos sempre nos justificar só por temos o corpo que temos”, diz Ana;
- Julgamento moral sobre o corpo;
- Catraca no transporte público que impossibilita a passagem de pessoas obesas;
- Pensar que magreza é sinônimo de saúde.
*Com informações do Portal Tnh1
Foto: Deidre Simmons/Pexels
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