OMS apresenta relatório para combater etarismo

OMS apresenta relatório para combater etarismo
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Segundo a entidade uma em cada duas pessoas com mais de 50 anos já sofreu alguma forma de preconceito ligado à sua idade

Da redação*

O Portal Viver Sem Preconceitos tem como objetivo abordar o maior número possível de formas de preconceito, mas infelizmente ou não conseguimos abrir espaço ou nem sempre as informações estão disponíveis.

Por outro lado, outras formas de discriminação, apesar de frequentes, ainda encontram certa tolerância na sociedade, o que é um grave erro.

O etarismo ou o preconceito contra idosos é um desses casos e é por isso que o Portal sempre retoma o assunto.

Invariavelmente velada, essa discriminação tem sido tratada como parte natural do processo de envelhecimento e se torna mais acentuada com o avançar da idade.

Notada a partir dos 45 anos, geralmente está relacionada à diminuição social do indivíduo em razão de sua idade.

Matéria publicada no jornal Estado de Minas apresenta relatório da Organização Mundial de Saúde que tem por finalidade combater os estereótipos ligados à idade.

Abaixo, veja o que diz o relatório e leia os principais pontos da matéria.

O relatório conclui que uma a cada duas pessoas que havia ultrapassado os 50 anos já sofreu alguma forma de preconceito ligado à sua idade. O mais perturbador é a conclusão de que o preconceito ligado à idade pode trazer uma considerável piora na saúde física e mental das pessoas, como ocorre com todas as formas de preconceito e razão pela qual eles precisam ser combatidos.

O etarismo pode acontecer por meio de frases nada inocentes, repetidas à exaustão, principalmente vindas do núcleo de convivência mais próximo da pessoa, tais como “você já é velha (ou velho) para usar esta roupa ou para frequentar determinados lugares”, “não dá mais tempo de você fazer isto”, “sua época já passou” e a mais comum “você está muito bem para a sua idade”, como se cada idade tivesse um roteiro pré-determinado que todos os que estão em processo de envelhecimento devessem seguir. Tais frases, principalmente quando dita por pessoas que amamos, causa um profundo desconforto e nos faz questionar nossa capacidade de sempre nos desafiar, independentemente da idade.

O preconceito ligado à idade está presente nas recorrentes entrevistas de emprego que a pessoa maior de 45 anos faz e nunca é contratada, apesar do seu currículo. Ele nos espreita na fila do supermercado, quando estamos passando as compras no caixa e o jovem atrás da fila se mostra decididamente impaciente e faz questão de nos mostrar que a lentidão é resultado da nossa idade. Ele está no “esquecimento público” das pessoas que já ultrapassaram determinada idade. Enfim, ele está no nosso cotidiano de modo tão normal, que muitas vezes nem percebemos o quanto nossas ações com as pessoas mais velhas podem ser mesquinhas e preconceituosas.

Idosos com mais idade sofrem ainda mais que os que estão iniciando o processo de envelhecimento, já que a corrente ideia de que eles voltam a ser criança pode fazer com que parentes e familiares retirem deles o direito de gerir a própria vida, ainda que tenham plena condições de fazê-lo. Isto está ligado ao fato de que o avanço da idade está atrelado a certos estereótipos, que são extremamente prejudiciais para as pessoas que já iniciaram o processo de envelhecimento.  

Dores e queixas destes idosos podem ser facilmente negligenciadas, pois os seus próximos podem passar a rotular todas as suas manifestações queixosas como decorrentes da idade e, portanto, normais. O estereótipo de que velho tem dor mesmo e não há nada a ser feito faz com que a saúde destas pessoas tenha pior evolução do que a dos mais jovens.

O artigo intitulado O Etarismo e a velhice: revisão das publicações nacionais, apresentado no Congresso Nacional de Envelhecimento Humano, concluiu que é comum que a velhice seja percebida pelos membros da sociedade ou como uma fase de grande sabedoria ou como uma fase de enorme dependência e exclusão social, e sugere que precisamos modificar as representações sociais frente ao envelhecimento para que a discriminação deixe de ser automática e tão presente em nosso cotidiano. Segundo os autores, as limitações dos idosos são muito mais resultado de limitações impostas pelos meios sociais em que vivem do que advindos da idade propriamente dita.

O combate a esse mal é responsabilidade de todos, e principalmente daqueles que já iniciaram o processo de envelhecimento. Pessoas que devem começar a lutar pela desconstrução dos estereótipos ligados à idade, demonstrando a todos os que os cercam que o passar do tempo é algo natural a todos e isto não pode implicar em uma diminuição do seu papel social, uma perda de autonomia ou uma infantilização do sujeito idoso.

E aqueles que já chegaram a essa idade deixam o recado: O tempo passa sim e não devemos – e não queremos – lutar contra ele. Mas podemos – e queremos – ter o direito de ser a melhor versão de nós mesmos com a idade que temos, sem que sejamos cobrados a nos encaixar em estereótipos ultrapassados. Queremos ainda trabalhar, ser reconhecidos por nossas ações, sair, dançar, viajar e construir coisas que em outros tempos não nos foi possível, isto sem que ninguém nos diga que nosso tempo já passou, pois, como há muito já nos ensinava o Clube da Esquina, nós até podemos envelhecer, mas sonhos, esses nunca envelhecem.


*Com informações do jornal Estado de Minas
Foto: Caleb Oquendo/Pexels

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Redação

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