Ao mestre, o carinho
Morre o ator Sidney Poitier, mas os ensinamentos de Mark Thackeray serão eternos
Ao mestre com carinho e Sidney Poitier são duas das primeiras memórias que tenho quando tento lembrar de onde vem minha obsessão contra os preconceitos.
A narrativa do filme é clara. Mesmo que subjetivamente, o preconceito racial é descrito desde as primeiras falas, quando Mark Thackeray (personagem de Poitier) é tratado como um objeto sexual dentro do ônibus.
Mudam os personagens secundários, mas a narrativa, que passa por atritos entre professor e alunos que destilam insinuações racistas, continua a mesma até praticamente o desfecho do filme.
Mas o que mais me impressionou e impressiona até hoje é o tratamento visual dado ao filme; a preocupação com a construção de um personagem que não poderia deixar o preconceito e o menosprezo vencerem e por isso tem praticamente um filme inteiro com tomadas de cena feitas de baixo pra cima, simbolizando a altivez e a grandeza do professor negro frente a uma escola inteira dominada por alunos brancos e funcionários conformados.
O filme levanta algumas questões sociais e raciais próprias da Inglaterra dos anos 1960, tendo como pano de fundo a rebeldia e a insegurança típicas dos jovens da época.
Sidney Poitier, que nos deixou hoje aos 94 anos, com certeza fez história em 1964, ao se tornar o primeiro negro a ganhar um Oscar -o de melhor ator, pelo filme Uma voz nas sombras-, e trabalhou em diversas outras obras, como Acorrentados e Adivinha quem vem para o jantar, além de se lançar como diretor, no início dos anos 1970, com o filme (em que também atua) Um por Deus, outro pelo diabo. Foram mais de 70 anos de carreira como ator e diretor em um sem número de filmes, mas para mim, ele sempre será o professor Mark Thackeray, de Ao mestre com carinho.
Fique com um trechinho do filme e curta To sir, with love, com Lulu
Foto: Sidney Poitier, em “Ao mestre com carinho”/Reprodução Internet
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