Gordofobia: o que está por trás da rejeição de pessoas gordas

Gordofobia: o que está por trás da rejeição de pessoas gordas
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Em uma sociedade “obcecada pela magreza”, as pessoas gordas sofrem discriminação e violência, em alguns casos, disfarçadas de “boas intenções”. Ativistas latino-americanos alertam para essa situação.

Por Redação*

Invariavelmente imersos nos problemas que dizem respeito a nossa gente, nossa cultura, esquecemos que o que acontece aqui pode acontecer ali, lá, em qualquer outro lugar, com outra gente e com cultura diversa.

Vez por outra o Viver Sem Preconceitos traz alguma novidade do que acontece na Europa -na maioria das vezes, em Portugal-, porém, geralmente, com temas ligados à xenofobia.

Não seria interessante começarmos a conhecer como outros temas são tratados lá fora?
Preconceito é preconceito em qualquer parte do mundo. Mas como agem e reagem as sociedades diante das discriminações? Como os povos se manifestam?

E para puxar o coro daqueles que querem novidades, na matéria sobre gordofobia de hoje, o VSP traz importante discussão sobre o tema que o canal alemão DW produziu na América Latina.

Leia o texto, abaixo, e descubra como esse tipo de preconceito tem sido observado por ativistas do México, do Chile, da Colombia e da Bolívia.

Por DW

O horizonte desejado e socialmente aceito é a magreza. Há regras, discursos e “conselhos” que apontam para lá, e também inúmeras regras tácitas.

Mas também há outras vozes que alertam e questionam essa normatividade sobre os corpos , e denunciam  a gordofobia , ou seja, a discriminação de pessoas gordas pelo simples fato de serem gordas.

Existe uma marca social negativa em relação às pessoas gordas, que promove, justifica e mantém a discriminação em todas as áreas de nossas vidas” diz Alejandra Oyosa, ativista mexicana contra a gordofobia, em diálogo com a DW.

É uma discriminação naturalizada e socialmente bem vista“, esclarece, “porque uma de suas falas é que ele tenta ‘cuidar’ das pessoas gordas, de sua saúde e de sua imagem corporal“, diz.

As pessoas costumam nos dizer coisas muito ofensivas em favor do que, dizem ser, ‘para a nossa saúde‘”, aponta o ativista mexicano contra a gordofobia, Izchel Cosio Barroso, na mesma linha.

É uma forma de violência estrutural“, acrescenta, “e nem sempre é fácil detectá-la“, revela. “Podemos encontrá-lo nas ‘boas intenções’ dos profissionais de saúde, nos programas de emagrecimento, nas piadas sobre a suposta falta de jeito ou estupidez dos gordos, ou em frases populares como ‘você tem um rosto bonito, mas um corpo bonito, não‘”, detalha Cosio Barroso.

“Existe uma marca social negativa em relação às pessoas gordas”, diz Alejandra Oyosa / Foto: Hussein Altameemi-Pexels

Pode ser um visual simples na hora de comer, por exemplo“, diz Gabriela Contreras, do Chile.

Há humilhação, invisibilidade, maus-tratos, ridicularização, patologização, marginalização, exclusão e até violência física e sexual exercida contra um grupo de pessoas por ter uma característica física: gorda“, aponta Lucía Robles, integrante do grupo colombiano Gordas sin Jaqueta, em entrevista a este canal.

E isso se reproduz quando expressamos desprezo pela gordura dos outros e de nós mesmos, quando aconselhamos dietas, academias e pílulas, e todos os tipos de aparelhos disponibilizados para a magreza“, diz a ativista de Bogotá.

– Um enredo construído desde a infância –

Então, coisas: como você chegou aqui? “Eles nos contam a história desde cedo que a beleza é o maior atributo feminino. E a magreza é grande parte desse ideal de beleza, que precisamos para sermos merecedores de amor, reconhecimento e felicidade“, critica Robles. 

O fantasma da gordura nos acompanha desde muito cedo. Temos medo de ser gordo porque significa rejeição, implica ridículo, desprezo e, claro, não fazer parte do ‘mercado do desejo‘”, completa.

Em cada contexto histórico houve uma norma corporal que hierarquiza os corpos, colocando os corpos úteis no topo de cada contexto econômico, histórico e social“, sustenta Oyosa.

A norma do corpo não está escrita, mas está na mente de todas as pessoas“, esclarece.

O que fazer, então, para desconstruir esses mandatos? Como enfrentá-los, evitá-los ou relativizá-los?

– Rotas de saída –

Desmantelar a ideia de que a magreza é uma espécie de troféu, pelo qual muitas mulheres perdem a saúde”, e abrir espaço para a “possibilidade de que todos os corpos sejam espaços de alegria e prazer, por mais que pesem“, propõe Contreras.

Aceitar que existe diversidade corporal, que não existem corpos incorretos ou mal feitos em si mesmos, mas que é apenas um consenso sócio-histórico que pode mudar“, conclui Cosio Barroso.

A matéria, publicada originalmente no canal DW foi traduzida e editada na redação VSP
Foto em destaque: “Gordas sin Jaqueta”, ativistas colombianas contra a gordofobia/Divulgação

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