A importância de eventos acessíveis

A promoção da diversidade e inclusão e a participação plena em todos os eventos

Por Ciça Cordeiro*

Em um mundo cada vez mais diverso e inclusivo, a acessibilidade em eventos não é mais um diferencial, mas uma necessidade fundamental. Sua falta gera exclusão, preconceito, capacitismo. A realização de eventos acessíveis vai além de simplesmente cumprir a legislação; trata-se de garantir que todas as pessoas, independentemente de suas habilidades, possam participar plenamente e se beneficiar da experiência oferecida. Te convido a comigo explorar a importância de criar eventos acessíveis, destacando os benefícios sociais, econômicos e culturais de uma abordagem inclusiva.

A acessibilidade é um direito humano fundamental, reconhecido pela Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CDPD) da ONU, da qual o Brasil é signatário. Este direito assegura que todas as pessoas, incluindo aquelas com deficiência, tenham igualdade de acesso a todos os aspectos da vida, incluindo eventos públicos e privados. Com base nisso, o capítulo 9 da Lei Brasileira de Inclusão (LBI) é totalmente dedicado ao direito à cultura, ao esporte, ao turismo e ao lazer com acessibilidade. Portanto, a acessibilidade não deve ser vista apenas como uma responsabilidade legal, mas como um compromisso ético com a inclusão.

Eventos acessíveis promovem a inclusão social, permitindo que pessoas com deficiência participem ativamente da vida comunitária. Isso fortalece o senso de pertencimento e ajuda a combater o capacitismo e o isolamento, afinal pessoas com deficiência são protagonistas e podem estar nas plateias e nos palcos também. Além disso, ao criar eventos acessíveis, organizadores promovem a diversidade e a aceitação, influenciando positivamente a percepção pública sobre a capacidade e o valor das pessoas com deficiência.

A criação de eventos acessíveis pode ter um impacto econômico significativo. Pessoas com deficiência representam uma parcela considerável da população e, portanto, um mercado de consumidores com potencial de compra. Quando eventos são acessíveis, mais pessoas podem participar, o que aumenta o público e, consequentemente, as receitas. Além disso, empresas e organizações que investem em acessibilidade podem se destacar no mercado, atraindo mais clientes e parceiros de negócios.

Eventos acessíveis também desempenham um papel crucial na disseminação de conhecimento e cultura. Ao garantir que todos possam participar, os organizadores promovem a troca de ideias e experiências entre pessoas de diferentes origens e habilidades. Isso enriquece a experiência coletiva e contribui para um ambiente culturalmente mais rico e diversificado.

Para que um evento seja verdadeiramente acessível, é necessário considerar uma variedade de fatores, incluindo acessibilidade física (como rampas, banheiros adaptados, estacionamento e sinalização), acessibilidade digital (como legendas, tradução em Libras, aplicativos e websites acessíveis) e acessibilidade comunicacional (como a disponibilização de materiais em formatos alternativos com audiodescrição por exemplo). Além disso, a acessibilidade atitudinal, a atitude dos organizadores e participantes em relação à inclusão é crucial para o sucesso de um evento acessível. Equipes preparadas e treinadas para atender a todos os públicos com certeza farão a diferença no evento.

A importância de eventos acessíveis não pode ser subestimada. Além de cumprir uma função social essencial, a acessibilidade em eventos também oferece benefícios econômicos e culturais significativos. Organizar eventos acessíveis é um passo importante para a construção de uma sociedade mais justa, inclusiva e diversificada. Ao fazer isso, estamos garantindo que todos, independentemente de suas habilidades, tenham a oportunidade de participar plenamente da vida em comunidade.

*O texto produzido pelo autor não reflete, necessariamente, a opinião do Portal VSP

Ciça Cordeiro
Colunista VSP

Jornalista, consultora em diversidade e inclusão, gestora em cultura inclusiva, comunicação e eventos acessíveis. Palestrante, atua ainda com políticas públicas para pessoas com deficiência. É a coordenadora de comunicação e consultora em DE&I no Grupo Talento Incluir.

Foto: Freepik

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