Transtorno do Espectro Autista (TEA): Nada sobre nós, sem nós!

Transtorno do Espectro Autista (TEA): Nada sobre nós, sem nós!
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Dia 02 de abril é a data escolhida pela Onu para celebrar o Dia Mundial de Conscientização do Autismo

Por Ciça Cordeiro*

O mês de abril é marcado por comemorações sobre o Dia Mundial de Conscientização do Autismo (2 de abril). Data escolhida pela Organização das Nações Unidas (ONU), que tem como objetivo levar informação à população em relação ao Transtorno do Espectro Autista (TEA), a fim de reduzir a discriminação e o preconceito contra as pessoas que apresentam o transtorno.

O TEA é classificado como um transtorno do neurodesenvolvimento, caracterizado por déficits persistentes na comunicação e na interação social em múltiplos contextos e padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades.

Em 1998, a socióloga e ativista Judy Singer criou o termo neurodiversidade como sinônimo de biodiversidade neurológica. Assim como a biodiversidade indica a coexistência e diferenciação de várias espécies em um ecossistema, a neurodiversidade define a variação natural entre um cérebro e outro na espécie humana. De acordo com essa ideia, portanto, somos todos neurodiversos precisamente porque, embora pertençamos à mesma espécie, não existem dois cérebros iguais.

A pessoa com TEA é considerada pessoa com deficiência, mas por não ser uma deficiência visível, só é possível saber se a pessoa ou quem a acompanha disser e se identificar. O comportamento também pode ser identificado quando a pessoa apresentar crise por causa de hipersensibilidade à sons, ansiedade e tiver algum comportamento inesperado ou inadequado.

Pessoas com Transtorno do Espectro Autista podem ter comportamentos como:

  • Inquietação
  • Dificuldade na comunicação ou de olhar nos olhos
  • Não ter noção do perigo ou não entender o que você quis dizer ou a situação ao redor.
  • Crianças podem chorar, gritar, ou tampar os ouvidos, ficar inquietas, puxar quem está junto, adultos podem ficar muito irritados e ter as mais diversas reações.

– Você sabia que já pode incluir informações sobre a deficiência no novo RG? –

A nova versão do RG, documento de identificação possibilita a inserção de indicativos de pessoas com deficiência física, auditiva, visual, intelectual e autismo, bem como, que conste o CID – (Classificação Internacional de Doenças) da deficiência. Cada cidadão pode optar por incluir ou não, é facultativo. Mas, essa identificação ajuda muito, principalmente quando a deficiência não é aparente e houver necessidade de prioridade no atendimento.  É só verificar no órgão expedidor do seu Estado. Em São Paulo isso é feito no Poupatempo, mas é necessário que o médico preencha um formulário.

– A informação é o melhor remédio contra o capacitismo –

Muitas vezes, falamos uma série de coisas que não fazem sentido e ainda são expressões capacitistas. Frases do tipo: “Nossa, mas você nem parece autista!” – Nunca devem ser ditas! Isso não é um elogio, pelo contrário, invalida a condição da pessoa. Dentro da comunidade autista existe uma diversidade, o autismo não é aparente e cada um tem a sua singularidade.

Outras frases que são ditas aos familiares da pessoa com autismo também são preconceituosas como: “Ele é um anjo!”, “Você foi escolhido(a)!”, “Ele é leve né?”, “Não sei como você consegue!”, “Isso não é autismo, é manha mesmo!”, “Está na moda autismo!”

Não tente encontrar uma “cura” para o autismo, afinal o TEA não é uma doença e sim um transtorno global do desenvolvimento caracterizado por alterações significativas na comunicação, na interação social e no comportamento. É genético, não dá para evitar, então evite frases sem fundamento científico.

Outra informação importante, não se fala mais autismo leve, moderado ou severo. Essa divisão é feita por níveis de suporte:

  • Nível 1: necessidade de pouco apoio
  • Nível 2: necessidade moderada de apoio
  • Nível 3: muita necessidade de apoio substancial

A neurodiversidade se propõe a promover sistemas de suporte (tais como serviços focados em inclusão, acomodações, comunicações e tecnologias assistivas, treinamento ocupacional e suporte à vida independente) para permitir às pessoas neurodivergentes viver suas vidas como elas são, ao invés de serem “corrigidos” e forçados a adotar ideias e ideais de “normalidade” sem o devido senso crítico, ou a se conformar com o ideal clínico/médico.

– Diagnóstico –

O diagnóstico do autismo geralmente é feito por profissionais de saúde com base na observação do comportamento da pessoa em entrevistas com os pais ou cuidadores. O que vai ajudar a partir daí são terapias educacionais, intervenções comportamentais, terapias ocupacionais de fala, além de suporte psicológico e médico.

É importante lembrar que o autismo não é uma doença, mas sim uma condição de desenvolvimento que pode afetar a forma como uma pessoa percebe e interage com o mundo ao seu redor. Com o apoio adequado, as pessoas com autismo podem levar vidas plenas e produtivas, alcançando seu potencial máximo.

– Por que algumas pessoas só descobrem que são autistas na vida adulta? –

  1. Conhecimento limitado: No passado, o autismo não era tão bem compreendido e diagnosticado como é hoje. Muitas pessoas mais velhas não foram diagnosticadas na infância porque os profissionais de saúde não estavam tão familiarizados com o espectro do autismo.
  2. Mascaramento (camuflagem): Algumas pessoas autistas aprendem a “mascarar” seus sintomas para se encaixar socialmente. Isso pode levar a um diagnóstico tardio, já que essas pessoas podem parecer “normais” para os outros, mesmo que estejam lutando internamente.
  3. Comorbidades: O autismo muitas vezes ocorre em conjunto com outras condições, como ansiedade, depressão, TDAH, entre outras. Essas comorbidades podem mascarar os sintomas do autismo, dificultando o diagnóstico correto.
  4. Diferenças de gênero: O autismo é mais frequentemente diagnosticado em meninos do que em meninas. As meninas autistas podem exibir sintomas de forma diferente, o que pode levar a diagnósticos equivocados ou ausentes na infância.
  5. Mudanças de vida: Às vezes, as pessoas só buscam um diagnóstico de autismo na idade adulta quando enfrentam desafios significativos em suas vidas, como dificuldades no trabalho, nos relacionamentos ou na saúde mental. Isso pode levá-las a procurar ajuda profissional e, eventualmente, receber um diagnóstico de autismo.

Em resumo, há várias razões pelas quais algumas pessoas só descobrem que são autistas na idade adulta. É importante lembrar que um diagnóstico de autismo pode proporcionar às pessoas uma melhor compreensão de si mesmas e acesso a recursos e apoio necessários para viver uma vida mais plena e satisfatória.

*O texto produzido pelo autor não reflete, necessariamente, a opinião do Portal VSP

Foto: O cordão com desenho de girassóis é reconhecido como o símbolo internacional para transtorno do espectro autista e deficiências ocultas – Por: Roberto Suguino/Agência Senado

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