Desafiando estereótipos: O envelhecimento de drag queens e o mercado de trabalho
Numa sociedade em quem o mercado de trabalho valoriza a juventude; que ainda gatinha para estar em sintonia com a diversidade e que desconhece os caminhos que levam ao fim dos preconceitos e discriminações, a cena drag proporciona uma revolução cultural ao desafiar normas e estereótipos de gênero. No entanto, quando se trata do envelhecimento das drag queens, algumas barreiras persistentes emergem
Por Nelly Winter*
No vibrante universo da cultura drag, onde a expressão artística e a quebra de padrões são celebradas, surge um desafio que merece nossa atenção: o envelhecimento de drag queens e seu impacto no mercado de trabalho. Longe de ser uma mera questão estética, este fenômeno levanta questões essenciais sobre inclusão, diversidade e a percepção da sociedade em relação à beleza e à idade.
Em um mundo que muitas vezes valoriza a juventude como sinônimo de beleza, a cena drag proporciona uma revolução cultural ao desafiar normas e estereótipos de gênero. No entanto, quando se trata do envelhecimento das drag queens, algumas barreiras persistentes emergem. O mercado de trabalho para essas artistas, que muitas vezes está associado à energia juvenil e à estética exuberante, pode apresentar desafios únicos para aquelas que ultrapassam as fronteiras da juventude.
A primeira barreira a ser superada é a percepção estereotipada da sociedade em relação à idade. As drag queens, quebrando barreiras e desafiando normas de gênero, muitas vezes se encontram lutando contra estigmas associados ao envelhecimento. A ideia de que a vitalidade e o apelo cênico diminuem com a idade é um equívoco que precisa ser desconstruído. A experiência e a maturidade adquiridas ao longo dos anos podem agregar profundidade e autenticidade às performances, enriquecendo o panorama artístico drag.
Além disso, é crucial repensar a concepção de mercado de trabalho no contexto drag. A demanda por diversidade e representação genuína está em ascensão, e as drag queens mais experientes têm a oportunidade de se destacar como modelos a serem seguidos, inspirando gerações mais jovens e quebrando padrões preconcebidos. A diversidade etária no mundo drag não apenas desafia as noções convencionais de beleza, mas também cria uma narrativa mais abrangente e inclusiva.
É fundamental que a indústria do entretenimento e os apreciadores da cultura drag se unam para criar um ambiente mais acolhedor para artistas de todas as idades. Isso inclui repensar os padrões de seleção em competições, promover eventos que celebrem a diversidade etária e garantir oportunidades igualitárias para as drag queens, independentemente da idade.
Em última análise, reconhecer e valorizar o envelhecimento de drag queens é mais do que uma questão de justiça social; é uma oportunidade para enriquecer a expressão artística e fortalecer os laços que unem a comunidade drag. Ao desafiar os estereótipos de idade, abrimos portas para um diálogo mais inclusivo sobre beleza, talento e o poder transformador da arte drag em todas as fases da vida.
*O texto produzido pelo autor não reflete, necessariamente, a opinião do Portal VSP
Nelly Winter
Colunista VSP
Cuiabana de chapa, artista, escritora, publicitária, poetisa, palestrante, mestre de cerimônias e cerimonialista, questionadora de tabus, voluntária em ONG’s, apaixonada por pessoas, fascinada por divas do pop, amante de livros e DRAG QUEEN. O podcast DragPod é apresentado por ela. Nelly Winter foi criada por Thon Silva há 20 anos. E o que era hobby no início, hoje tem o objetivo debater os tabus sociais, com a finalidade de desmistificar rótulos impostos por uma sociedade machista.
Foto: Rogéria (1943-2017), na estreia do Musical “Estrelíssima Rogéria”, de 2017/Reprodução Instagram Acervo Rogéria
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