Desaparecidos, um luto sem fim

Desaparecidos, um luto sem fim
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Mães da Sé e Viver Sem Preconceitos juntos! Nova parceria impulsiona Portal para mais um importante passo na busca pelo fim dos preconceitos

Por Cleber Siqueira

Essa é uma história que se repete muito mais do que a gente possa imaginar.

Uma pessoa sai de casa por um motivo qualquer e não volta. Quando familiares se dão conta, já se passaram horas. Bate o desespero e a procura se inicia. Delegacia, hospitais e caminhos conhecidos são percorridos e nada. A pessoa está desaparecida!

Começa então o que muitos familiares afirmam existir, e que eu dei como título desse texto, um luto sem fim.

Um dos caminhos que o Portal Viver Sem Preconceitos indica como ideal para a busca de um mundo com menos preconceitos é a empatia. Mas antes de falarmos disso, tente “imaginar” a dor de alguém que está com uma filha, um filho, um pai ou uma mãe, ou ainda qualquer outra pessoa querida desaparecida.

Só de pensar já é horrível, não é? Agora, acredite, existem situações que fazem essa dor aumentar ainda mais. Segundo Ivanise Espiridião, presidente do grupo Mães da Sé, que desde 1996 auxilia famílias na busca por seus entes desaparecidos, apesar de o preconceito existir, a dor e o desespero aumentam por algo que vai além da discriminação.

A culpa não é apenas do preconceito dos outros, esse sentimento na maioria das vezes a própria mãe carrega, eu mesmo me culpei por não estar em casa quando minha filha desapareceu”, diz Ivanise.

Então, se os próprios pais carregam essa culpa, na maioria das vezes sem ter, por que algumas pessoas ainda culpam os pais pelo desaparecimento de um filho? O que leva alguém a tratar de um assunto tão delicado e triste, de uma maneira tão cruel?

A falta de empatia!

E é com a intenção de espalhar a empatia, se solidarizar com pais e familiares de desaparecidos e realizar um sonho pessoal meu (leia Runaway Train, no box abaixo), que o Portal Viver Sem Preconceitos acaba de fechar parceria com o grupo Mães da Sé e a ABCD (Associação Brasileira de Busca e Defesa à Criança Desaparecida) e agora passará a disponibilizar fotografias de pessoas que estão sendo procuradas por seus familiares.

A cada semana novas imagens de pessoas desaparecidas serão colocadas nos Stories do Instagram e no feed do LinkedIn. No início de cada semana serão substituídas e passarão a fazer parte do nosso arquivo no site, e você poderá acessar clicando no link Desaparecidos, já disponibilizado em nossa grade.

Conto com a sua empatia!

– A dor transformada em amor ao próximo -*

Em uma noite de dezembro de 1995, Fabiana Espiridião, então com 13 anos, saiu acompanhada de uma colega que morava a cerca de 300 metros de sua casa. Foram fazer uma visita rápida a uma amiga que fazia aniversário. No caminho de volta se despediram e cada uma seguiu em direção à sua casa. Neste trajeto, Fabiana desapareceu.

A partir deste dia, a vida de Ivanise, sua mãe, virou do avesso. Na busca por sua filha, teve que lidar com o descaso e a ineficiência das autoridades além da crescente angústia por não ter nenhuma pista. Encontrou, então, a ONG Centro Brasileiro em Defesa da Criança e Adolescente e pouco tempo depois, foi convidada a participar da novela Explode Coração, da Rede Globo, dando seu depoimento como mãe de uma filha desaparecida. A partir daí teve contato com outras mães que passavam pelo mesmo sofrimento.

Sem amparo ou orientação mas com esperança, a dor e o desespero se transformaram em amor e solidariedade, fazendo nascer no ano de 1996 o Movimento Mães da Sé e a ABCD (Associação Brasileira de Busca e Defesa à Criança Desaparecida), presidida por Ivanise Espiridião.

Mais de duas décadas depois e Ivanise ainda não encontrou Fabiana. Mas sua esperança se mantém viva e é combustível para ajudar outras tantas mães, pais, filhos, esposos e amigos a encontrarem seus entes desaparecidos.

*(Extraído do site do grupo Mães da Sé ABCD)

– Estatísticas –

Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostram que em 2021, a taxa de desaparecimentos cresceu em torno de 3,2%, resultando em 65.225 boletins de ocorrência e 30,7 casos para cada grupo de 100 mil habitantes. Nos últimos cinco anos, ao menos 369.737 registros de pessoas desaparecidas foram feitos no Brasil, uma média de 203 casos diários.

Apesar de os números não corresponderem ao total de pessoas desaparecidas, afinal uma pessoa pode ter mais de um registro de desaparecimento, feito por diferentes familiares, por si só são significativos.

Ainda segundo o Anuário, estimar o número de pessoas que desaparecem anualmente é um desafio no Brasil, em virtude de não existir estatísticas federais periódicas sobre o tema. Embora a lei que cria o cadastro nacional de pessoas desaparecidas já tenha mais de três anos, até hoje o site do Ministério da Justiça informa que o sistema “está em construção”.

Essa ausência do governo federal faz com que os estados criem seus próprios programas, protocolos e legislações locais para dar conta dos muitos desafios que envolvem a questão. A ação de mais destaque, e que vem sendo multiplicada em diferentes estados, é o Programa de Localização de Identificação de Desaparecidos (PLID), que surgiu no Rio de Janeiro em 2012 e, desde então, já foi implantado em São Paulo, Ceará, Pará, Santa Catarina, Goiás, Amazonas, dentre outros.

O PLID tem por objetivo articular dados de órgãos distintos como segurança, saúde e assistência social, auxiliando no processo de localização de pessoas e compondo um sistema de informação, o Sistema Nacional de Localização e Identificação de Desaparecidos, que foi institucionalizado pelo Conselho Nacional do Ministério Público em 2017.

Ajude o Viver Sem Preconceitos e a Mães da Sé ABCD, a encontrar os desaparecidos. Siga nossas páginas nas redes sociais e fique ligado no nosso site www.viversempreconceitos.com.br

Runaway Train


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Anos 1990, desde a primeira vez que vi o vídeo da música Runaway Train, da banda Soul Asylum, senti uma curiosidade muito grande de entender a história por trás daquelas imagens.

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Descobri que o produtor musical do clip havia sugerido colocar fotografias de pessoas desaparecidas, na maioria crianças, como forma de representar a depressão, que é a ideia central da letra da música.

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Porém, atirei no que vi e acertei o que não via. Descobri que com a exposição contínua do clip em programas de TV, pelo menos 26 crianças foram encontradas, além de outros adultos e adolescentes.

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Como eu disse, eram os anos 1990 e, naquele momento eu falei pra mim mesmo, que gostaria de, assim como na música, um dia encontrar um meio de contribuir para que desaparecidos fossem encontrados, pois sentia que esse era um tipo de dor dilacerante.

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Mas eu deveria ter algo robusto para oferecer e entrar numa campanha. Hoje, eu tenho o Portal Viver Sem Preconceitos. Com ele posso realizar meu sonho, mas um sonho que só terá fim quando pessoas forem encontradas, algo que não posso fazer sozinho, pois preciso de você.

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Você me ajuda a encontrar essas pessoas? Não é difícil, e não tem custo algum… basta compartilhar essa ideia.

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Pense nisso!

Foto: Ivanise Esperidião segura foto da filha Fabiana, desaparecida/Reprodução Instagram Mães da Sé

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Cleber Siqueira

Cleber Siqueira

Jornalista, é autor do livro "Fernando, o menino sem dedos". Fundador e editor do Portal Viver Sem Preconceitos, tem pós-graduação em Sociopsicologia. Sua monografia, intitulada "Homossexualidade, o amor às chamas: um breve ensaio sobre o preconceito", faz uma análise entre a literatura específica e a vida real da população homossexual no início dos anos 2000.

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