Diversidade em conselhos: onde estão as mulheres negras?

Diversidade em conselhos: onde estão as mulheres negras?
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Não queremos mais ouvir a velha desculpa que não há profissionais prontas para ocupar posições em conselhos de administração

Por Jandaraci Araújo

A audiência pública realizada pela B3, em agosto do ano passado, para discutir regras para a diversidade em conselhos de administração gerou muito burburinho. Importante ressaltar que não se trata de nenhuma inovação nacional, mas sim de uma tendência. Países como Estados Unidos e Reino Unido estabeleceram regulações sobre diversidade em conselhos, muito alinhado com as práticas ESG (Environmental, Social and Governance ).

De acordo com a proposta, até 2026, as companhias listadas, independentemente do nível, devem ter pelo menos uma mulher e um “integrante de comunidade minorizada” no conselho ou na diretoria. E nesse ponto a questão gênero e raça intersecciona-se, revelando como ainda estamos distantes quanto a questão racial.

Segundo estudo concluído pelo ACI Institute, da consultoria KPMG no Brasil, a participação das mulheres em conselhos de administração cresceu 2 p.p, de 14% para 16%, no comparativo com 2021. No entanto, quando é feito o recorte racial, mulheres negras é praticamente um traço estatístico, de tão baixa que é a representatividade.

Pesquisas da McKinsey & Company, Credit Suisse e Catalyst reportam que as empresas com conselhos de administração diversos em termos de gênero apresentam maiores retornos sobre o capital próprio, maiores retornos sobre as vendas e maiores retornos sobre o capital investido.

Conclusão similar ao estudo publicado pela Harvard Business Review, que analisou 163 empresas por 13 anos e concluiu que há maior abertura para mudanças, menor propensão a risco e maior foco em inovação nas organizações que têm mais mulheres nos cargos de liderança.

Será que faltam profissionais negras (os) prontos para ocupar posições nos conselhos de administração? Ou simplesmente é mais suave manter o status-quo e alegar que não há pessoas com experiência profissional suficiente, já que o sistema de cotas em universidades é muito recente e o foco são os trainees e estagiários. Como se não houvesse profissionais formados e atuando no mercado antes da lei de cotas.

E onde estão as mulheres negras? Quais papéis lhe foram designados nas organizações? Onde estão 28% da população brasileira?

É estratégico para os conselhos ter a perspectiva de uma maioria que é invisibilizada, que mesmo estando na base da pirâmide social, conseguiram hackear o sistema e ocupar posições de liderança no setor privado e público. Nesse contexto surge o Conselheira 101, com foco em dar visibilidade para as profissionais com experiência e formação adequadas para ocuparem posição de alta liderança e conselhos de administração. Nesses 3 anos formamos 62 mulheres, 47% das participantes ingressaram em Conselhos Consultivos, Eméritos, Fiscais/Auditoria e/ou Administrativos. São profissionais que possuem algumas soft skills que são fundamentais para atuação em colegiado, muito em decorrência de todo contexto histórico e social, essas profissionais possuem alta resiliência e uma visão extremamente disruptiva.  Para facilitar a busca  criamos um book com o perfil de todas as participantes do programa de forma gratuita.

Não queremos mais ouvir a velha desculpa que não há profissionais prontas ou que não conhece nenhuma. As mulheres negras estão aqui, prontas para ocupar qualquer posição, basta termos oportunidade.

Publicado originalmente no site Jota Info
Foto: Christina Morillo/Pexels

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