Preconceito e diversidade cultural; escolas municipais apostam na Copa para discutir combate à discriminação

Preconceito e diversidade cultural; escolas municipais apostam na Copa para discutir combate à discriminação
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As adversidades, o preconceito sentido na pele e a intolerância aos homossexuais e às mulheres como marcas da discriminação do Catar, viram objeto de estudo sobre diversidade cultural para 18 turmas do Ensino Fundamental II, na Bahia.

Por Emilly Oliveira

No clima da Copa do Mundo, professores de escolas municipais de Salvador têm apostado na diversidade cultural dos países que participam da competição para dar um ‘show de bola’ na sala de aula. Na Escola Municipal Clériston Andrade, em São Marcos, os estudantes aprendem a combater o racismo e outros preconceitos usando o mundial de futebol como material de análise e reflexão.

Não à toa, a ideia de um projeto multidisciplinar apareceu como resposta ao desafio de ensinar, de maneira mais atrativa, a cultura dos países africanos e o combate à discriminação. Pela primeira vez, o mundial ocorre em novembro, mesmo mês em que é celebrado o Dia da Consciência Negra. Ao mesmo tempo, casos de racismo e outros preconceitos têm sido corriqueiros no futebol nacional e internacional.

Em seu último levantamento, o Observatório da Discriminação Racial no Futebol contabilizou 64 casos de racismo apenas no Brasil, em 2021. Número 106% maior que os 31 registrados em 2020. Somado a outras discriminações como xenofobia, machismo e lgbtfobia, foram 124 casos no ano passado.

Este ano, a copa é sediada no Catar, que criminaliza as relações homossexuais e impõe diversas restrições às mulheres. Com todos esses temas em evidência, nada melhor do que transformá-los em aprendizado, como afirma Jorge Antônio de Oliveira, diretor da Escola Clériston Andrade.

Olhar para o futebol nos ajudou a trabalhar com os países africanos. E então somamos os outros [países] para falar do racismo tão presente no esporte. Isso os despertou muito, pois eles vibram com os jogos, mas também sofrem o preconceito diariamente“, conta o diretor.

Representação da cultura dos países africanos realizada pelo alunos da Alunos da Escola Cleriston Andrade.
Foto: Divulgação

Os 370 alunos das 18 turmas do 6° ao 9° ano trabalharam durante dois meses no projeto. Entre as atividades houve desfile de roupas típicas, sabatina sobre os países e apresentação cultural. Os estudantes foram divididos em grupos e cada um ficou responsável por pesquisar os costumes de uma nação e compará-los com os hábitos brasileiros.

Os alunos desfilaram com roupas étnicas e em pares que incluíam casais do mesmo gênero e pessoas com deficiência, para mostrar que todos têm os mesmos direitos. “Somos diferentes, mas iguais em direitos. E com as diferenças se aprende e se troca“, destaca o professor de História da instituição, Braulio Rodrigues de Freitas.

– Somos Todos Iguais –

O mundial também entrou na tabela de ensino da Escola Municipal Guerreira Zeferina, em Periperi. Há alguns anos, a instituição realiza o projeto Somos Todos Iguais, para ensinar os alunos do nível infantil – de 2 a 6 anos – o combate às diversas formas do preconceito. Para o ano de Copa em mês de Novembro Negro, o trabalho foi transformado para tratar dos temas da época.

Para falar das culturas africanas e do futebol, os pequenos trabalharam com os cinco países do continente que se classificaram para a Copa de 2022: Senegal, Gana, Marrocos, Tunísia e Camarões. Durante 30 dias, os 186 alunos conheceram as regras do esporte, as características das seleções e a cultura das nações que elas representam.

Já conhecendo as vestimentas, culinária e a produção cultural dos países, eles confeccionaram bandeiras, participaram de um campeonato de futebol e desfilaram ao lado de seus pais e responsáveis usando roupas típicas. A gestora ambiental, Silvia Roberta Santos, 34 anos, subiu na passarela ao lado do filho, Lyan Anthony Santos, 6, representando a Tunísia.

Quando eu soube que poderia participar foi uma emoção, porque é uma chance de estarmos juntos celebrando a cultura negra. Todas as nossas referências ancestrais puderam ser trabalhadas e representadas. Lyan sempre gosta de participar. Misturar a copa despertou ainda mais vontade nele“, conta Silvia.

Silvia e Lyan, no desfile cultural do projeto Somos Todos Iguais
Foto: Divulgação

Segundo a diretora da Guerreira Zeferina, Beatriz Gonzaga, a ação prova que a Copa não é apenas um momento de diversão e disputa, mas também um encontro de culturas, trocas e aprendizados. “Com o lúdico eles não só aprendem, mas se enxergam como cidadãos e pertencentes a povos cheios de ancestralidade“, destaca a gestora.

Publicado originalmente no Correio 24 horas
Foto em destaque: Escola Municipal Clériston Andrade/Divulgação

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Redação

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