Dia Nacional da Pessoa Ostomizada: todos contra o preconceito

Dia Nacional da Pessoa Ostomizada: todos contra o preconceito
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Para a Federação médica Brasileira “o ideal é conscientizar as pessoas que convivem com ostomizados de que devem deixar o preconceito de lado e ajudar as pessoas que passam por esses desafios, servindo como apoio”.
Ajude a combater esse preconceito, você pode! Basta divulgar e compartilhar essa matéria.

Por Cleber Siqueira

Feche os olhos por 30 segundos e se coloque no lugar de uma pessoa ostomizada. Imagine todo tipo de preconceito que você poderia passar. Essa forma de empatia que você sentiu é também a discriminação que as pessoas ostomizadas geralmente passam.

Com o objetivo de divulgar informações que contribuam para combater esse tipo de preconceito foi criado o Dia Nacional da Pessoa Ostomizada, celebrado hoje, 16 de novembro.

Pessoa com ostomia é aquela que, em virtude de um procedimento cirúrgico que consiste na exteriorização do sistema digestório, respiratório ou urinário, possui uma abertura artificial entre os órgãos internos e o meio externo. O paciente utiliza uma bolsa coletora diretamente ligada ao intestino grosso ou delgado para a eliminação de fezes e/ou urina.

A ostomia pode ocorrer por diversos motivos, como doenças crônico-degenerativas, entre elas o câncer, a Doença de Chagas, as doenças inflamatórias (Retocolite Ulcerativa Inespecífica e Doença de Crohn), má formação congênita, traumas abdominoperineais, doenças neurológicas e outras. Dados do Ministério da Saúde de 2021 apontam para existência de mais de 400 mil pessoas ostomizadas no Brasil.

– Menos preconceito, mais informação –

Para atender a essa população, o Ministério da Saúde disponibiliza pela Internet o Guia de Atenção À Saúde da Pessoa com Estomia. Logo em sua introdução explica que “condições traumáticas ou patológicas podem gerar necessidade de uma ostomia para a manutenção da vida. Acredita-se que viver com ostomia seja um desafio para a maioria das pessoas, as quais necessitam de cuidado e atenção qualificada dos profissionais de saúde, suprindo a demanda de assistência e a educação para o autocuidado“.

E faz um alerta sobre as questões emocionais ligadas ao recomeço: “a pessoa com ostomia poderá passar por uma turbulência de pensamentos e emoções relacionadas ao tratamento e reabilitação, além da adaptação ao novo estilo de vida. Portanto, preconiza-se que a assistência deva ocorrer de forma integral, considerando os diversos aspectos biopsicossociais, fisiopatológicos, nutricionais, psicológicos, sociais e espirituais da pessoa com estomia. Para tanto essas características individuais devem ser avaliadas e consideradas no seu contexto familiar, cultural, religioso, comunitário, sociais, econômicos, de escolaridade, dentre outros“.

Já no que diz respeito sobre à discriminação, a Federação Médica Brasileira destaca que “o portador de uma ostomia muitas vezes sofre com o preconceito, devido ao fato de que após a cirurgia o paciente deve ter cuidados especiais e algumas limitações, mas nada impede que ele mantenha uma vida normal de afazeres. Porém, o principal desafio é a própria aceitação da pessoa que foi submetida à cirurgia, passando a entender os desafios e aceitar a sua nova condição de vida. Dessa forma, nada mais certo do que conscientizar as pessoas que convivem com ostomizados de que devem deixar o preconceito de lado e ajudar as pessoas que passam por esses desafios, servindo como apoio“.

Para Aline Rodrigues Almeida, assistente social do Instituto Fernandes Figueira/Fiocruz, a importância da informação no combate ao preconceito se dá principalmente porque “a vida da pessoa que realiza a cirurgia de colocação de estoma passa por diversas transformações na vida diária. Além da adaptação do dispositivo, o indivíduo precisa lidar com a mudança da imagem corporal e, ademais, com diversos mitos arraigados na nossa cultura relacionada aos padrões de beleza e idealização do corpo. A insegurança, autoestima baixa e as possíveis dificuldades associadas ao desempenho sexual são alguns dos fatores que podem gerar consequências sociais e psicológicas difíceis de serem superadas“.

Desse modo, continua a assistente social, “é importante divulgar informações sobre o tema com o objetivo de diminuir os aspectos negativos associados à doença. Cabe ressaltar que o apoio da família e dos amigos é essencial para minimizar as barreiras que impedem a socialização e acesso aos direitos inclusivos“.

Para finalizar, vale lembrar que ponto fundamental no combate à discriminação é a abertura de discussão com a sociedade, algo que vem ganhando força com as associações de ostomizados no Brasil e no mundo, além de iniciativas como a criação do Dia Nacional da Pessoa Ostomizada, oportunidade para educar a sociedade sobre o assunto e combater o preconceito e a discriminação, geralmente provocados pelo desconhecimento.
Clique aqui e veja a programação para a 1ª Caminhada dos Ostomizados, em Belém, Pará.

– Desmistificando a ostomia –

Algumas pessoas ostomizadas com o intuito de divulgar informação, combater o preconceito e ajudar aqueles que recentemente passaram pelo procedimento, têm usado as redes sociais para espalhar conhecimento e compartilhar seu dia a dia com o ostoma.

São influenciadores digitais que, com bom humor e leveza, revelam suas rotinas e falam dos cuidados necessários para se viver com uma bolsa de ostomia.

Conheça Thainná Nascimento e Leandro Ribeiro e ajude-os a combater o preconceito.

Thainná Nascimento

Em virtude de uma retocolite ulcerativa, Thainná teve de realizar uma Colostomia. Com mais de 80 mil seguidores em seus canais no Instagram e Youtube, ela compartilha suas experiências de mãe de primeira viagem ostomizada. Noah, filho de Thainná, completará um ano em dezembro.

Instagram: @thaibnascimento
Youtube: Thainná Batista

Leandro Ribeiro

Minha missão é inspirar pessoas a enxergarem a vida além do diagnóstico“, Leandro Ribeiro
Reprodução Instagram

Inspirar pessoas a enxergarem a vida além do diagnóstico“, esse é o lema do influenciador e palestrante Leandro Ribeiro. Ele, que é ileostomizado, usa as redes sociais para falar sobre aceitação da ostomia e adaptação junto à família. Também busca deixar mensagens positivas para que as pessoas aprendam a lidar com a condição de ostomizado.

Instagram: @sr.ost.crohn

– Serviço –

Em 9 de novembro 2021, o Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde, lançou a portaria 70, que torna pública a decisão de incorporar, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), a sonda botton para gastrostomia em crianças e adolescentes.

Para conhecer as associações e núcleos para atendimento de ostomizados em todo Brasil, clique aqui.

Com informações do Ministério da Saúde e da Fundação Oswaldo Cruz
Foto em destaque: Thainná Nascimento/Reprodução Instagram

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Cleber Siqueira

Cleber Siqueira

Jornalista, é autor do livro "Fernando, o menino sem dedos". Fundador e editor do Portal Viver Sem Preconceitos, tem pós-graduação em Sociopsicologia. Sua monografia, intitulada "Homossexualidade, o amor às chamas: um breve ensaio sobre o preconceito", faz uma análise entre a literatura específica e a vida real da população homossexual no início dos anos 2000.

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