Diplomata português no Qatar cria polêmica com declarações preconceituosas

Diplomata português no Qatar cria polêmica com declarações preconceituosas
Compartilhe este artigo

O Ministério dos Negócios Estrangeiros se posiciona a respeito emitindo notas públicas e repudiando qualquer forma de discriminação

Já não bastasse a insegurança e o medo que rodeiam a preservação dos direitos humanos das pessoas, em especial os homossexuais, que devem ir à Copa do Mundo no Qatar, principalmente pelo fato do país considerar a homossexualidade ilegal, com punições que chegam a sete anos de prisão e centenas de denúncias de casos de racismo e xenofobia, um representante do governo português em Doha fez nessa semana declarações consideradas racistas e homofóbicas.

Em entrevista ao Canal SIC Notícias, no início dessa semana, o chefe de Missão da Embaixada Portuguesa em Doha, Manuel Gomes Samuel disse que as pessoas com a pele mais escura estão mais aptas a trabalhar durante mais tempo sob temperaturas elevadas. “É natural que uma pessoa que tem mais melanina na pele, portanto mais habituada a climas em que o sol tem uma incidência mais forte, tem mais capacidade, obviamente, de persistência a essas temperaturas do que um habitante, por exemplo, do norte da Europa”.

João Gomes Cravinho, ministro dos negócios estrangeiros, perguntado se o diplomata teria condições de continuar no cargo, optou por não responder, porém emitiu nota sobre a posição do Ministério.

As declarações proferidas, em apreço, não representam a posição oficial deste Ministério. O Ministério dos Negócios Estrangeiros condena, da forma mais veemente possível, qualquer forma de discriminação racial, racismo e xenofobia, sendo o seu combate uma prioridade de Portugal.

Manuel Gomes Samuel, chefe de Missão da Embaixada Portuguesa em Doha
Foto: Reprodução Instagram

Ainda durante a entrevista, Manuel Gomes, falou também sobre a polêmica que envolve a homofobia e a censura imposta à comunidade LGBT+ durante a Copa

Essa é uma das principais preocupações das autoridades e do povo do Qatar, que haja algum decoro aos seus valores e à sua cultura e, portanto, que não apareçam estrangeiros que, embora possam ser homossexuais ou que embora possam gostar muito de álcool, que não façam propagação desse modo de vida pela rua, porque não é necessário e também é uma questão de bom senso. Eu acho que se a gente se desloca por outros países não vai tentar mexer um pouco com as mentalidades locais, porque não há necessidade“.

Sobre essa declaração o Ministério dos Negócios Estrangeiros emitiu nota repudiando qualquer tipo de discriminação. Veja a nota:

O Ministério dos Negócios Estrangeiros repudia firmemente a manifestação de qualquer forma de discriminação. Portugal pauta sua atuação (…) pelo combate a toda e qualquer forma de discriminação, incluindo aquelas que tenham por base a orientação sexual e a identidade de gênero.

As declarações do representante português no Qatar aconteceram durante entrevista à SIC sobre denúncias de casos de racismo e xenofobia naquele país e a análise dos acontecimentos.

Manuel Gomes está no Qatar desde agosto de 2021. Antes tinha sido cônsul de Portugal no Luxemburgo durante quatro anos.

Clique aqui e veja o vídeo completo com as declarações do diplomata.

Foto em destaque: Doha, Qatar – Por Abdullah Ghatasheh/Pexels

Siga o Viver Sem Preconceitos nas Redes Sociais

Curta, comente, compartilhe…

Vamos fazer do mundo um lugar melhor para se viver,
um lugar com menos preconceitos!

O Portal Viver Sem Preconceitos autoriza a reprodução de seus conteúdos -total ou parcial- desde que citada a fonte e da notificação por escrito.
Para o uso de matérias e conteúdos de terceiros publicados aqui
, deve-se observar as regras propostas por eles.

Cleber Siqueira

Cleber Siqueira

Jornalista, é autor do livro "Fernando, o menino sem dedos". Fundador e editor do Portal Viver Sem Preconceitos, tem pós-graduação em Sociopsicologia. Sua monografia, intitulada "Homossexualidade, o amor às chamas: um breve ensaio sobre o preconceito", faz uma análise entre a literatura específica e a vida real da população homossexual no início dos anos 2000.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *