O que sabemos sobre a interseccionalidade

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A LGBTfobia e a interseccionalidade, no segundo episódio da série sobre o mês do orgulho LGBTQIAP+

Por Stelita Ximenes

Ser gay, lésbica, trans, queer, pan, só para citar algumas denominações, é saber que sua vida terá de ter um pouquinho mais de atenção.

Não deveria ser assim, mas é!

É, porque, no dia a dia, sabemos que boa parte dessa população ainda tem que lidar com preconceito e discriminação nas ruas, nos meios de transportes, em banheiros públicos, no trabalho e até em casa.

Mas e quando há a interseccionalidade? O que acontece quando essas pessoas além de lidar com a LGBTfobia, tem que pensar na discriminação por serem gordas, negras, PCDs e, por que não, até pelo fato de ser mulher?

Ser discriminado uma vez já é terrível! Imagine então entrar numa padaria para tomar um cafezinho e ser vítima de preconceito por duas ou mais características? Isto, meu bem, é i-na-cei-tá-vel…

No mundo contemporâneo com chaminés high-techs em que vivemos hoje, este tipo de atitude é quase corriqueira numa cidade como Sampacity! O que fazer? Chamar o Batman? Não! Não! E não. Deixemos o homem-morcego em paz!!

Esta situação é bizarra e podemos enquadrá-la da seguinte forma: esta pessoa teve um ataque de interseccionalidade.

– A interseccionalidade na prática –

Um exemplo dessa situação aconteceu na padaria Dona Deôla, em 2020, no bairro da Pompéia, em São Paulo, em plena pandemia, com a prisão em flagrante, da advogada Lidiane Brandão Biezok, 45 anos, acusada de cometer homofobia e injúria racial e, para piorar, ainda foi acusada de lesão corporal contra funcionários e clientes, segundo informações do site G1.

Durante a confusão na padaria, Lidiane agrediu verbalmente a funcionária Luana da Silva Lopes, que se emociona com as ofensas: “Ela falou assim: ‘você tem cara de ser da Zona Leste, merecia dar a b* para todo mundo de lá da Zona Leste’…” disse Luana que chora porque foi humilhada. 

Os clientes da padaria gravaram todas as ofensas com o celular. Ricardo Boni Gattai Siffert, de 24 anos, também foi vítima da fúria da Lidiane. Ele foi xingado e agredido por ela com ofensas homofóbicas, mas não reagiu.

“Sabe o que você traz? Aids. Sabe o que você traz? Câncer”, fala Lidiane para Ricardo. “Eu não tô falando mais de p* nenhuma. Então aqui é uma padaria gay? Eu não tô falando p* nenhuma. Seu f* da p* (depois Lidiane agride o rapaz). Você quer me atacar seu f* da p* (e passa a dar tapas nele)”.

– Saldo da confusão –

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP ) condenou a advogada Lidiane Brandão Biezok a pagar, em 2021, indenização de R$ 5.000 por danos morais ao balconista ofendido com insultos homofóbicos, em novembro de 2020.

Na minha opinião, o saldo negativo de 5 mil reais pra essa advogada… é lucro!

A tolerância serve a todos… menos aos intolerantes. Acredito que um bom saldo pra quem comete esse tipo de crime, é a cadeia.

Considero urgente que pedido de desculpas, serviços comunitários, cestas básicas e indenizações de baixos valores não possam servir mais como forma de pena a quem pratica preconceito e discriminação.

A interseccionalidade e o conceito

Para entender de fato o que significa interseccionalidade, é importante lembrar que existem muitas diferenças de gênero, idade, altura, cor da pele, etc os seres humanos. Diversas pessoas ou grupos, apenas por fazerem parte das “categorias lgbtqia+”, são submetidos a uma série de preconceitos, discriminações e opressões: de raça/etnia, de classe, de geração, de orientação sexual e gênero entre outras possibilidades.

Quem criou o conceito de  Interseccionalidade foi a professora americana Kimberlé Williams Crenshaw, cientista nas áreas de raça e gênero. A palavra interseccionalidade foi publicada pela primeira vez num artigo em 1989.

A ideia surgiu após Kimberlé Williams conhecer a história de uma mulher americana que não conseguiu processar uma empresa por dois tipos de discriminação: ser mulher e negra.

Foto: Fillipe Gomes/Pexels

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Redação

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