Racismo aqui?

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No dia da Consciência negra, lembramos que no Brasil um jovem negro morre a cada 23 minutos

Por Stelita Ximenes

Qual a primeira coisa que vem à sua mente quando alguém fala sobre racismo? Pensou? Eu me lembro de uma frase muito instigante que li há muito tempo: Nos chamam de loucos, num mundo em que os certos fazem bombas.”

Estas palavras do grande compositor e cantor jamaicano Bob Marley foram como uma bolada na cabeça. Minha curiosidade me fez ir adiante. Em outro clique, li outra dele: Vocês riem de mim por eu ser diferente, e eu rio de vocês por serem todos iguais.” Passei muito tempo remoendo estas palavras…

Para Djamila Ribeiro, uma das mais respeitadas filósofas e escritoras brasileiras da atualidade: “O Brasil é a maior nação negra fora da África, somando 54% da população, e mesmo sendo maioria, (os negros) estão fora dos lugares de poder e experimentam em larga maioria os piores índices de desenvolvimento humano. Foram quase quatro séculos de escravidão em pouco mais de cinco séculos de chegada dos colonos.” A filósofa é autora dos livros Lugar de FalaQuem Tem Medo do Feminismo Negro e Pequeno Manual Antirracista, que fala sobre o combate à violência racial.

A história conta que os primeiros contatos entre os conquistadores portugueses e o povo africano ocorreram no século XV. Portugal deu início às Grandes Navegações (entre os séculos XV e XVI) e, em seguida, a Espanha foi pelo mesmo caminho, ambos em busca de novas rotas de comércio de ouro, prata e especiarias. As mulheres e os homens negros africanos chegaram ao Brasil para servirem como escravos nos engenhos de cana-de-açúcar entre os séculos XVI e XVII.  Eles foram levados para os estados de Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro, entre outros, por terem cidades próximas ao litoral. Grande parte trabalhava como barqueiros, estivadores, mestres em artesanato, vendedores, serviços domésticos, entre outras atividades.

Nesse 20 de novembro comemoramos no Brasil o dia da Consciência Negra. Porém, há sempre um mas… No saldo desta data existem mais motivos para protestar do que para celebrar.

Segundo dados do livro Pequeno Manual Antirracista, de Djamila Ribeiro, a cada 23 minutos um jovem negro é morto no Brasil. Mesmo a população negra sendo a maioria no nosso país, eles convivem diariamente com um dos piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do planeta.

A maior parte está fora dos cargos de poder, longe das universidades, dos melhores postos de trabalho, enfim, distantes de quase todas as condições básicas que um cidadão deve ter.

Brasil: um país racista e homofóbico

Conforme dados do relatório do Observatório de Mortes Violentas de LGBTI+ (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais), 237 pessoas foram assassinadas no Brasil, em 2020, vítimas da homotransfobia. Segundo o Grupo Gay da Bahia, que começou a pesquisar o assunto em 1980, esta é a primeira ocasião em que as travestis ultrapassaram os gays no número de mortes: 161 travestis e trans (70%), 51 gays (22%) 10 lésbicas (5%), 3 homens trans (1%), 3 bissexuais (1%) e 2 heterossexuais que foram confundidos com gays (0,4%).

Da mesma forma são muitos os casos de assassinatos de pessoas negras no Brasil. Vamos citar apenas alguns dos mais recentes e emblemáticos: A vereadora carioca Marielle Franco, em 2018. O espancamento e assassinato de João Alberto Freitas, transmitido praticamente em tempo real pelas redes sociais do país em um supermercado da rede Carrefour, em Porto Alegre, em 2020. Diante desta  evidência incontestável, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou, na ocasião, ao portal de notícias G1: “Não, eu digo para você com toda a tranquilidade: não tem racismo aqui”.

Então, fica a pergunta: existe racismo aqui?

Fotos: Pinterest

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Redação

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