Pobreza menstrual: projeto social visa capacitar adolescentes e jovens, além de distribuir coletores menstruais

Pobreza menstrual: projeto social visa capacitar adolescentes e jovens, além de distribuir coletores menstruais
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Parceria entre instituição sem fins lucrativos e fabricante de coletores cria programa nacional de conscientização para aprendizes

Colaborou Stelita Ximenes

Mais de quatro milhões de estudantes brasileiras frequentam escolas em situações precárias de higiene, com banheiros sem condições de uso, sem pias ou lavatórios, papel higiênico e sabão, segundo o estudo “Pobreza Menstrual no Brasil: Desigualdades e Violações de Direitos”, da Unicef e do UNFPA (Fundo de População das Nações Unidas). Desse total, 200 mil meninas não têm acesso a qualquer item básico de higiene nas escolas e 713 mil delas não têm chuveiro e sanitário em suas casas.

O Projeto Novo Ciclo é um programa de conscientização voltado a adolescentes e jovens de todo o país. A iniciativa surgiu da parceria entre o Espro (Ensino Social Profissionalizante) e a Inciclo – marca de coletores menstruais.

O objetivo é distribuir Coletores menstruais gratuitamente às participantes do programa. As metas são: atender em torno de 15 mil aprendizes – a maior parte desses jovens em situação de vulnerabilidade social – além de ampliar o conhecimento sobre sexualidade nos programas de formação de aprendizes do Espro, associação sem fins lucrativos que capacita e insere jovens e adolescentes no mundo do trabalho.

Alessandro Saade


“O combate à pobreza menstrual começa com a conscientização não só das meninas, mas também dos meninos. Por isso, o projeto visa conscientizar não apenas o público que menstrua, mas todas as pessoas, para que se tornem aliadas na luta ao combate à pobreza menstrual, à desinformação, aos tabus e aos preconceitos”, diz Alessandro Saade, superintendente executivo do Espro.

Os jovens serão capacitados em lives, podcasts e oficinas de geração de renda, que abordarão os seguintes assuntos: higiene, saúde, sexualidade e meio ambiente. Segundo Saade: “Vamos promover amplo envolvimento e conscientização de nossa rede de assistentes sociais, psicólogas, instrutores e demais educadores nessa trilha de conhecimento, para que propaguem essas informações e deem apoio aos participantes do programa e seus familiares”.

Distribuição gratuita de 8.200 coletores menstruais

A ideia é doar um coletor menstrual às integrantes do programa, com supervisão da Inciclo, durante os três anos de ciclo de vida do produto. Na primeira etapa do projeto, até o final de 2021, a previsão é distribuir 8.200 coletores em todo o país, beneficiando cerca de mil adolescentes e 7.200 jovens. Os coletores também serão doados entre as aproximadamente 400 colaboradoras do Espro em todo o Brasil.

“Nosso objetivo é não apenas proporcionar um novo ciclo de vida, oferecendo mais dignidade a essas milhares de meninas, adolescentes e jovens. Queremos, também, oferecer uma forte ferramenta de combate à pobreza menstrual, desafio que afeta o país dos pontos de vista social, ambiental e de saúde”, afirma Mariana Betioli, obstetriz e fundadora da Inciclo.

Mariana Betioli

A Inciclo investirá no programa, em 2021, R$ 850 mil, dos quais R$ 650 mil são referentes aos coletores menstruais. A outra parte dos recursos será destinada ao treinamento, à pesquisa, à adaptação do sistema, ao marketing, entre outras áreas.

Em setembro deste ano, o Projeto Novo Ciclo realizou uma pesquisa com toda a base de adolescentes e jovens do Espro, com o objetivo de fazer um raio-X sobre temas como pobreza menstrual, sexualidade e saúde dos brasileiros entre 14 a 24 anos.

Você sabe como funciona um coletor menstrual?

O coletor menstrual da Inciclo é um copinho de silicone hipoalergênico e transparente, que a mulher coloca no canal vaginal para – como o próprio nome indica – coletar o sangue da menstruação. O fluxo é coletado por até 12 horas; depois, é só retirar, lavar e usar novamente. O coletor pode durar até três anos e seu uso não provoca vazamentos, não resseca a vagina, não causa odores desagradáveis nem desconforto.

Para as mulheres que sofrem de alergias, este produto é livre de qualquer tipo de corante, gel, látex, dioxina, bisfenol, cola e perfume. Foi desenvolvido para quem não consegue usar absorventes porque fica com a pele irritada.

“Uma mulher menstrua cerca de 520 vezes durante a vida. São 10 mil absorventes transformados em lixo e que levam centenas de anos para se decompor. Para se ter uma ideia desse impacto, o primeiro absorvente inventado no mundo ainda está entre nós. Além de todos esses benefícios, os coletores menstruais são produtos sustentáveis”, explica Mariana Betioli.

Fotos: Divulgação

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Redação

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