Negros morreram quase duas vezes mais de Covid- 19 do que brancos no Itaim Bibi em 2021, diz pesquisa

Negros morreram quase duas vezes mais de Covid- 19 do que brancos no Itaim Bibi em 2021, diz pesquisa
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Matéria do G1 com Mapa da Desigualdade, da Rede Nossa São Paulo, mostra que negros morreram mais de Covid-19 do que os brancos mesmo nos bairros mais ricos da cidade de SP.

O bairro do Itaim Bibi, na Zona Sul de São Paulo, registrou 1,7 vez mais mortes de Covid-19 de negros do que de brancos neste ano. O levantamento foi feito pela Rede Nossa São Paulo entre janeiro e julho de 2021.

Os dados do Mapa da Desigualdade, publicados na manhã desta segunda-feira (13), mostram que, entre a população negra, 47,6% das mortes ocorreram por causa da Covid-19; já entre a população branca foram 28,1%.

A pesquisa mostra que negros morreram mais de Covid-19 mesmo nos bairros mais ricos da capital paulista. E o Itaim Bibi, mesmo sendo considerado uma região de menor vulnerabilidade socioeconômica, apresenta uma diferença entre a proporção da população preta e parda que morreu em decorrência da doença.

Igor Pantoja, assessor de Mobilização da Rede Nossa São Paulo, afirmou que é preciso investigar o motivo da diferença racial no número de mortes, como condições de emprego, para justificar essa diferença. Ele também diz que devem ser criadas políticas públicas para a redução das desigualdades.

O que a gente tem é uma grande diferença da mortalidade por Covid-19, quando você compara dentro do mesmo distrito a proporção de pessoas brancas e de pessoas negras que morreram pela Covid. Isso mostra que essa questão racial está impregnada na nossa questão social. Isso é um dado grave e deveria levar a ações que considerem a questão racial nas suas estratégias, seja na saúde, na educação”, afirmou Pantoja.

O Cambuci, no Centro da capital paulista, aparece em segundo lugar no ranking dos bairros em que foi registrada a maior diferença. Enquanto 48,1% da população negra morreu de Covid-19 na região, o índice da população branca foi de 29,1%, uma diferença de 1,66 vez.

Em Pinheiros, na Zona Oeste, o desigualtômetro, índice que mostra a diferença de mortes entre as raças, foi de 1,63. Enquanto 50% dos negros morreram com o novo coronavírus, apenas 30,7% dos brancos foram vítimas fatais.

Na Zona Norte de São Paulo, o bairro da Vila Guilherme registrou a maior diferença, de 1,27. Entre janeiro e julho, as mortes por Covid-19 entre os negros foi de 50% e 39,3% entre os brancos.

O bairro do Carrão, na Zona Leste, teve 46,2% das mortes de negros e 37,4% de brancos, uma diferença de 1,23 vez.

Se considerarmos toda a cidade de São Paulo, a diferença das mortes por Covid entre negros e brancos foi de 0,99 vez. No entanto, neste caso, vemos que a maioria das mortes foi de brancos, 38% da população, contra 37,7 dos pretos e pardos.

Renda x mortalidade

O estudo mostra que existe uma relação clara entre a menor renda e o maior coeficiente de mortalidade, mesmo entre os mais jovens, que não são considerados grupo de risco para a doença. Essa relação pode ser explicada pela exposição por maior tempo em deslocamentos no transporte público da população mais pobre.

Lajeado, no extremo da Zona Leste, por exemplo, está entre os dez distritos com mais tempo médio de deslocamento de casa até o trabalho. Quem vive lá demora 2,1 vezes mais que a população de Alto de Pinheiros para chegar ao trabalho.

Alto de Pinheiros (R$ 10.495,51 de renda média mensal) concentra quase quatro vezes mais renda que Lajeado (R$ 2.876,26 de renda média mensal), e o coeficiente de mortalidade em Lajeado é 5 vezes maior que o de Alto de Pinheiros.

De janeiro a julho de 2021, em Lajeado, o coeficiente de mortalidade por Covid-19 entre a população com menos de 60 anos foi de 114,3 por 100 mil habitantes. Enquanto isso, Alto de Pinheiros, que concentra a maior renda média familiar mensal e a mortalidade foi de 28 a cada 100 mil habitantes com menos de 60 anos.

Os idosos, considerados grupo de risco para a Covid, também sofrem com a desigualdade de renda.

Segundo o estudo, apesar de as regiões com mais concentração de renda possuírem um perfil etário também mais alto – ou seja, os bairros mais ricos têm mais idosos -, devido às condições de qualidade de vida, eles morrem menos.

Na comparação entre Lajeado e Pinheiros, os idosos mais pobres morrem 2,43 mais vezes do que os mais velhos abastados.

Foto: Pexels
Matéria publicada originalmente no G1, em 13/09/2021

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