A desafiadora realidade dos EDIs, no Rio de Janeiro

A desafiadora realidade dos EDIs, no Rio de Janeiro
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EDIs são Espaços de Desenvolvimento Infantil, um novo modelo público de atendimento à primeira infância, com o objetivo de oferecer educação às crianças entre três meses e cinco anos e seis meses, por meio de uma proposta pedagógica que reconheça e valide a integralidade da criança

Por Melaine Machado*

Recentemente estive em um Espaço de Desenvolvimento Infantil (EDI), na cidade do Rio de Janeiro, para conversar com a equipe escolar sobre inclusão. Trabalho com inclusão de pessoas com deficiências desde 1996. Com experiência na esfera pública em dois municípios, aliás, assisti o movimento da inclusão se desenvolver até ser instituído em 2003.

Após minha palestra realizamos uma roda de conversa e eu quis saber da realidade da escola. Descobri que, infelizmente, é desafiadora, com turmas de 23 a 25 alunos, professor sem auxiliar, cinco a seis alunos de inclusão, alguns com laudo, outros não, sendo que as famílias que dependem da saúde publica para receber o laudo, quando o recebem já estão atrasadas para iniciar uma intervenção precoce, sem mediação e muito papel para preencher, pois tudo deve ser documentado e enviado à secretaria de educação. Já coordenei e supervisionei projetos na esfera pública, conheço a “engrenagem”, você deve agradar o sistema para, ai sim, fazer um bom trabalho.

Minha amada mãe dizia “pensando, morreu um burro“, um ditado popular da época dela, e de fato eu morri nesse dia, pois acreditava que a escola pública que aqui no Rio de Janeiro tem o Instituto Helena Antipoff e que deveria dar suporte as escolas, não ocorre mais. Eu estava indicando a escola pública para os meus pacientes, crianças atípicas, sendo que agora não indico mais nenhuma instituição educacional, pois infelizmente não confio na inclusão de grande parte das instituições privadas, afinal não temos um órgão que fiscalize e acompanhe os alunos de inclusão, o Ministério Público do Rio fiscaliza a educação em um contexto geral, fora a demora para resolver os processos, e assim o aluno sempre sai perdendo.

Sabemos que a educação é o melhor legado que podemos deixar para o ser humano,  então vamos alfabetizar o povo  brasileiro, esse movimento vem desde 1824 passou por diversas reformas e nunca teve seus objetivos alcançados. O que está escrito na LDB é lindo sendo que não é funcional. E de quem é culpa?

Do sistema educacional, um verdadeiro “moedor de gente”.

Poderia ser diferente?

Sim!

Como?

As turmas deveriam ser reduzidas para de 10 a 12 alunos por professor com dois alunos de inclusão e cada um com seu mediador ou AT. Isso, nem a escola privada oferece, esse quantitativo é ideal para educação infantil e ensino fundamental 1. Já  no ensino fundamental 2 poderíamos ter de 15 a 20 alunos por professor e dois alunos de inclusão com seus mediadores ou AT. A prefeitura do RJ deveria ter no máximo 100 crianças em um EDI, e que o espaço físico fosse acolhedor como a casa da vó, com quintal, animais domésticos e uma bela horta. Sendo mais ousada, penso que deveriam conhecer a pedagogia WALDORF e implantá-la.

O EDI que visitei têm mais de 500 alunos, uma pequena equipe competente, extremamente capacitada e que por conta do sistema  educacional “moedor de gente” segue frustrada, culpada por não conseguir fazer o gostaria de fazer… EDUCAR!

*O texto produzido pelo autor não reflete, necessariamente, a opinião do Portal VSP

Melaine Machado
Colunista VSP

Profissional de Educação Física, psicomotricista clínica, especialista em desenvolvimento infantil. Criadora dos Projetos “Brincar Sensorial ” e “SOS mães atípicas” (a importância de cuidar de quem cuida). Desde 1996 tem proporcionado a inclusão social das crianças por meio do BRINCAR, que são atividades lúdicas que auxiliam no desenvolvimento. Nas redes sociais aborda os temas em @melaine_motricidade.

Foto: Fachada de EDI, na cidade do Rio de Janeiro/Reprodução Prefeitura do Município do RJ

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