“Nossa! Que coisa chata! Agora tudo é preconceito!” (contém ironia)

“Nossa! Que coisa chata! Agora tudo é preconceito!” (contém ironia)
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Pois é, meu anjo! Você pode não perceber, mas o mundo está passando por uma revolução.

Por Mondo Moda

Cada vez que fizer um comentário ou uma piada racista, preconceituosa, elitista, misógina, xenofóbica, etarista, gordofóbica, etc, alguém vai questionar.

Oprimidos estão levantando suas vozes. À duras penas, estão conseguindo espaço para gritar que não aceitam os papéis que até então estavam colocados. É um longo caminho, porém, não tem volta!

Afinal de contas, para você, homem branco, cisgênero, heterossexual, classe dominante, olhos claros, morador de condomínio fechado, mega lustre na fachada da casa e carro branco de 200 mil reais, é muito difícil sair da bolha. É um processo perceber que o universo é muito mais complexo do que o mundinho que está ao seu redor.

Ilustração: bellamente.com.ar (diario-nco)

Sem argumento, rapidamente você evoca uma memória de infância, quando brincava na rua ao lado dos coleguinhas ‘diferentes’ e se referia a eles como ‘negão’, ‘viado’, ‘rolha de poço’, ‘mulherzinha’, ‘bichona’, ‘pau de virar tripa’, ‘retardado’, etc, e ninguém se ofendia. Então, anjo, vou te revelar uma coisa: ofendia, machucava, magoava, incomodava e marcava a alma.

Porém, poucos reagiam. A maioria se calava porque não sabia o que fazer. Quando voltavam para casa e contavam para os pais, ouviam ‘deixa para lá’.

Esta forma romântica que você se lembra do passado existe unicamente na sua cabeça de opressor. Você foi ensinado assim. Provavelmente aprendeu dentro de casa naquela família religiosa que frequentava a igreja aos domingos, mas não colocava em prática nem 2% do ouvia nos sermões. Principalmente quando envolvia fraternidade, liberdade ou igualdade.

Sei que é bem difícil. Afinal, são tantos séculos de dominação e exploração da mão de obra escrava que seu olhar doe diante de qualquer mudança. Isso sem contar o que erroneamente aprendeu nos livros. Não se esqueça de que, boa parte da história foi contada a partir do ponto de vista do homem branco, rico e cis.

Mas, anjo, aceita uma dica? Aceita que doe menos! Sabemos que você lutará até último minuto para defender o status que confortavelmente se encontrava. Afinal, o mundo sempre foi generoso como a vidinha besta que sempre teve. Por que mudar, não é?

Pois bem…

  • Sabemos que sempre que vai ao clube, só encontra gente preta na função de serviço. E quando surge outro que não está trabalhando, provavelmente é o convidado estrangeiro de outro sócio;
  • Sabemos que só percebeu a ausência de pretos, orientais ou indígenas na foto de final de ano na firma quando sua filha de 10 anos o questionou;
  • Sabemos que sempre achou uma simpatia aquele porteiro ‘moreninho’, que prestativo, sempre abriu e fechou a porta ou ainda te ajudou a retirar as sacolas do supermercado do carro, que gentilmente ainda leva ao elevador;
  • Sabemos que tem um enorme’ carinho pela funcionaria preta da casa da sua avó que ajudou na sua criação. E que você, carinhosamente, se refere a ela como ‘praticamente da família’… Mesmo que você só a conheça como ‘Benê’, ‘Cida’ ou ‘Preta’;
  • Sabemos que, quando você vê aquele moço entrando no ônibus e percebe que o único lugar vago é o banco ao seu lado, você se questiona: ‘Mentira que aquele gordo vai se sentar ao meu lado?’;
  • Sabemos que nunca se esqueceu de comprar um brinquinho de R$ 5 para sua funcionária preta cada vez que vai ao Outlet, pois ela ama ‘um mimo’;
  • Sabemos que ao ver a nova colega de classe com cabelo afro morre de vontade de tocá-lo para saber se ‘é macio’;
  • Sabemos que até se preocupou com sua tia cadeirante quando escolheu a chácara para passar as festas do final do ano, porém, somente quando ela chegou ao local que você notou que os 50 degraus para leva-la ao quarto que reservou poderiam ser ‘um probleminha’;
  • Sabemos que achou um pouco estranho aquela família nordestina que se mudou para a casa recém-vendida no final da rua, na qual os moradores originais se mudaram para Miami;
  • Sabemos que, quando alguém comenta sobre gays, rapidamente, cita seu cabeleireiro como exemplo de seu amigo. Mesmo que nem saiba qual letra ele pertence à sigla LGBTQIA+;
  • Sabemos que achou um fofo o novo coleguinha PCD na classe de sua filha, mas levou um choque quando ela anunciou que eles estavam namorando;
  • Sabemos que sua mãe está com dificuldades de locomoção, mas por que este ‘véio folgado’ não pega a fila do caixa específica para os idosos?;
  • Sabemos que não achou ‘muito simpático’ o novo Personal Trainer que é ‘escurinho’. Afinal de contas, foram tantos anos treinando com aquele loiro bombado que até foi incluído na lista de convidados para o churrasco nos finais de semana;
  • Sabemos que estranhou a nova vendedora preta ou indígena na tradicional loja de decoração no qual é cliente há quase uma década;
  • Sabemos também que, na hora de escolher um influencer para divulgar sua marca, jamais cogitaria um preto. Afinal, o público que você deseja atingir não é ‘daquele perfil’;

Afinal de contas, você acredita na diversidade. Acredita na igualdade social. Acredita que todos devem ter direitos iguais. Desde que… Ela se mantenha longe do seu universo, de seu condomínio, de sua casa, do seu clube, de sua escola, da sua academia… O que fique restrita aos programas de auditório da TV!

Publicado originalmente em Mondo Moda
Ilustração em destaque: Reprodução/Mondo Moda

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