Criar filhos sem preconceito

Quando o educar é transformar a si mesmo
Por Melaine Machado*
Criar filhos é uma das experiências humanas mais transformadoras. Quando nasce uma criança, nasce também uma nova chance para que o adulto se transforme – não mais vivendo apenas para si, mas reconhecendo que, agora, sua presença, atitudes e escolhas são parte fundamental da formação de outro ser humano.
Por isso, quando falamos sobre criar filhos sem preconceito, falamos, sobretudo, de uma responsabilidade que começa dentro de nós. Não basta repetir discursos politicamente corretos, nem apenas desejar que a criança seja “do bem”. A infância é permeada mais pelo que se vê do que pelo que se ouve. A criança observa, internaliza e replica. O exemplo é o principal educador.
Se queremos criar filhos livres de preconceitos, precisamos, antes de tudo, olhar com honestidade para os preconceitos que ainda carregamos – conscientes ou inconscientes. É fácil dizer que queremos um mundo mais justo e inclusivo; o difícil é perceber as pequenas atitudes do cotidiano: um comentário atravessado, uma risada fora de hora, um julgamento velado.
Educar é um convite constante à evolução pessoal. Quem educa precisa estar disposto a mudar, a se desconstruir, a reconhecer que muitas vezes falha, mas que busca melhorar não para ser perfeito, mas para ser integro.
No entanto, vivemos tempos de contradição: pais hiperconectados, mas emocionalmente distantes. Há uma indulgência perigosa que confunde presença física com presença afetiva; permissividade com liberdade; ausência de limites com respeito. Não se trata de impor medo, mas de oferecer segurança e estrutura, de ser referência e não apenas espectador.
Ser pai, ser mãe, ser responsável é uma função de brilho. É colocar no mundo um ser humano que, potencialmente, pode ser uma grande potência para o mundo mas só será se for nutrido de valores verdadeiros, de um olhar que acolhe as diferenças e que reconhece a dignidade humana acima de qualquer estereótipo.
Educar sem preconceito é, também, aceitar que nossos filhos não são propriedade nossa Eles são do mundo, e o mundo precisa de pessoas empáticas, respeitosas e solidárias. Não queremos filhos que apenas “se deem bem na vida”; queremos pessoas que façam o bem onde estiverem.
O amor incondicional é a base de qualquer educação que deseje formar pessoas livres de preconceito. Não significa ausência de correção, mas a certeza de que, independentemente de erros ou escolhas, o amor estará ali constante, acolhedor, seguro.
Por fim, criar filhos sem preconceito é um gesto de responsabilidade social. Não criamos filhos apenas para nós, mas para o mundo. Sejamos, então, responsáveis de brilho: aqueles que, com o exemplo, com o esforço e com a busca constante por evolução, oferecem às crianças a chance real de serem, elas também, pessoas de brilho.
O futuro que desejamos começa nas atitudes que tomamos hoje, no modo como escolhemos falar, agir, acolher e, principalmente, amar.
*O texto produzido pelo autor não reflete, necessariamente, a opinião do Portal VSP

Melaine Machado
Colunista VSP

Profissional de Educação Física, psicomotricista clínica, especialista em desenvolvimento infantil. Criadora dos Projetos “Brincar Sensorial ” e “SOS mães atípicas” (a importância de cuidar de quem cuida). Desde 1996 tem proporcionado a inclusão social das crianças por meio do BRINCAR, que são atividades lúdicas que auxiliam no desenvolvimento. Nas redes sociais aborda os temas em @melaine_motricidade.
Foto: RDNE Stock Project/Pexels

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