Acessibilidade no turismo: um direito de todos
O tema de hoje é acessibilidade no turismo, porém, vale lembrar que, acessibilidade seja no turismo ou em qualquer outra situação, além de ser um direito de todos, requer um esforço coletivo e contínuo
Por Ciça Cordeiro*
Com a chegada do fim de ano e o início do período de férias, muitas famílias planejam viagens e momentos de lazer. No entanto, para as pessoas com deficiência e seus familiares, essas atividades podem trazer desafios que muitos não enfrentam. A acessibilidade — em especial a atitudinal — se torna fundamental para garantir que todos possam desfrutar de experiências culturais, de lazer e de turismo sem barreiras.
Viajar é uma oportunidade de explorar novos lugares, culturas e experiências, mas nem sempre as pessoas com deficiência encontram as condições necessárias para aproveitar plenamente esses momentos. Muitas barreiras ainda existem, sejam físicas, digitais, comunicacionais ou atitudinais, mostrando que a inclusão no turismo requer um esforço coletivo e contínuo. O mundo pode, e deve, ser acessível.
Embora rampas, elevadores e banheiros adaptados sejam essenciais, acessibilidade não pode se limitar à infraestrutura. Ela deve estar presente na comunicação, nos sites, nas programações culturais, nos serviços e, principalmente, nas atitudes. A falta de preparo para receber pessoas com deficiência não é apenas um problema técnico, mas também uma barreira atitudinal que impede a inclusão plena.
O artigo 42 da Lei Brasileira de Inclusão (LBI) é claro: pessoas com deficiência têm direito ao acesso à cultura, ao esporte, ao turismo e ao lazer em igualdade de condições. Isso significa que cabe às empresas e organizações do setor de turismo garantir não apenas espaços fisicamente acessíveis, mas também uma equipe capacitada para atender as diversas necessidades de seus clientes.
– Turismo acessível: benefícios para todos –
A acessibilidade não beneficia apenas pessoas com deficiência; ela amplia o alcance do turismo para idosos, gestantes, crianças e qualquer pessoa com mobilidade reduzida. Proporcionar acesso igualitário é uma questão de direitos humanos e também uma estratégia inteligente para atrair mais público e fortalecer a sustentabilidade do setor.
Planejar viagens para pessoas com deficiência envolve perguntas fundamentais: o local é acessível? O hotel tem quartos adaptados? Os sites para consulta são fáceis de navegar e cumprem requisitos de acessibilidade digital? A equipe é treinada para oferecer um atendimento inclusivo? Responder afirmativamente a essas perguntas é o primeiro passo para garantir experiências positivas.
Mesmo com espaços fisicamente acessíveis, a ausência de uma postura acolhedora pode comprometer toda a experiência. Acessibilidade atitudinal significa tratar pessoas com deficiência com respeito, empatia e naturalidade, sem estereótipos ou preconceitos. Saber como abordar e atender esses turistas e seus familiares é essencial para que se sintam verdadeiramente incluídos.
Diversas cidades brasileiras têm investido em turismo acessível. Em grandes centros como São Paulo, parques, museus, teatros e cinemas públicos e privados já oferecem serviços acessíveis, como audioguias, legendas em vídeos e tradutores de Libras. Esses espaços mostram que é possível aliar inclusão e experiências de lazer enriquecedoras.
No entanto, ainda há um longo caminho a percorrer. Empresas e gestores precisam compreender que acessibilidade é um investimento, não um custo. Ao tornar serviços mais inclusivos, não apenas se cumpre a lei, mas também se constrói um ambiente mais justo e acolhedor.
Dicas para viajar com acessibilidade
- Pesquise antes de ir: verifique se o local escolhido é acessível em todos os sentidos.
- Priorize empresas comprometidas: prefira aquelas que investem em infraestrutura acessível e treinamento da equipe.
- Informe-se sobre direitos: conheça a LBI e os direitos garantidos para pessoas com deficiência.
- Dê feedback: caso encontre barreiras, informe os responsáveis para que possam melhorar.
A acessibilidade é o passaporte que permite a todos vivenciarem o turismo em sua plenitude. Mais do que garantir o cumprimento de leis, trata-se de criar um mundo em que todos possam explorar novos lugares, conhecer culturas diferentes e compartilhar momentos inesquecíveis. Que as férias sejam uma oportunidade para construir experiências inclusivas e memoráveis para todos.
*O texto produzido pelo autor não reflete, necessariamente, a opinião do Portal VSP
Ciça Cordeiro
Colunista VSP
Jornalista, consultora em diversidade e inclusão, gestora em cultura inclusiva, comunicação e eventos acessíveis. Palestrante, atua ainda com políticas públicas para pessoas com deficiência. É a coordenadora de comunicação e consultora em DE&I no Grupo Talento Incluir.
Foto: Divulgação Associação Comercial e Empresarial de Socorro
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