O meu cordão de girassol

O meu cordão de girassol
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Ainda não sei se tenho o direito de usar o cordão de girassol, mas garanto a você que o uso dele fará um diferença significativa no meu dia a dia

Por Cleber Siqueira

Nos últimos dias tenho sentido na pele como é verdadeira a frase “nem tudo é o que parece ser” e, como isso tem me levado diariamente a situações constrangedoras. Bom, para explicar o motivo de tudo isso, é melhor contar primeiro como tudo começa…

Em 2016 passei por uma cirurgia na coluna lombar que leva o nome de Artrodese. No meu caso foram unidas as vertebras L3, L4 e L5 o que, na prática, me impede de dobrar o corpo da mesma forma como a maioria das pessoas faz. Para você ter uma ideia, eu sinto extrema dificuldade para fazer coisas simples como colocar meias e calçar sapatos. Via de regra uso uma calçadeira ou me deito à cama. Raramente peço ajuda a familiares e geralmente, quando o faço, é porque estou com dores na coluna. Faço isso para que meu corpo não se acostume às limitações, o que pode agravar meu estado futuramente.

Agora, imagina, se é difícil calçar uma meia, como será estar em pé na rua e derrubar algo? Quando estou só, faço um certo malabarismo contorcionista, ajoelho e pego o objeto, mas quando estou acompanhado, peço a gentileza para que a outra pessoa me ajude. E é aqui que está o problema.

Seja na rua, no Metrô, no supermercado sempre que peço ajuda, as pessoas ao redor me recriminam com um olhar que chega a queimar. Não sabem o que eu tenho, mas já me julgam como o machista folgado que “manda” a mulher ou os filhos pegarem o que eu derrubei. Nem sequer se dão ao “luxo” de prestar atenção na forma como pedi: “você pode pegar pra mim, por favor?

E no supermercado, então! Certa vez, uma senhora idosa derrubou uma fruta perto dos meus pés. Eu, educamente, me desculpei e disse que não poderia pegar, pois tenho dificuldade em dobrar o corpo. A senhorinha entendeu e relevou a situação, mas as pessoas que estavam próximas e que não me ouviram, imediatamente decretaram o quanto eu era uma pessoa mau educada e grosseira. Lembro muito bem de uma dessas pessoas me olhando dos pés à cabeça com “cara de nojo”.

Por mais que possamos pensar que ninguém ali vai pagar minhas contas; que a grosseria e o preconceito, na verdade, dizem mais a respeito da história de cada uma dessas pessoas do que de mim, essas são situações que ao se repetir tantas vezes acabam por me causar constrangimento.

É por isso que –mesmo sem saber se tenho direito ou não– começo a pensar na possibilidade de usar o cordão de girassol. Ele simboliza e identifica pessoas com deficiências ocultas e doenças crônicas, e eu acredito que, com o uso dele, mesmo que o preconceito e a discriminação não acabem, podem pelo menos diminuir significativamente, sem contar que o fato de ser uma pessoa a mais espalhando essa ideia, é algo que me agrada bastante.

E você, o que acha de espalhar essa ideia? Conta pra gente o que você acha do cordão de girassol… pode ser por aqui mesmo nos comentários ou lá no Instagram.

Quer saber mais sobre o cordão do girassol? Clique aqui e leia o artigo de nossa colunista Ciça Cordeiro. Você vai conhecer a história e porque algumas pessoas têm o direito de usá-lo.

Foto: Câmara Municipal de Teixeira de Freitas/BA

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Cleber Siqueira

Cleber Siqueira

Jornalista, é autor do livro "Fernando, o menino sem dedos". Fundador e editor do Portal Viver Sem Preconceitos, tem pós-graduação em Sociopsicologia. Sua monografia, intitulada "Homossexualidade, o amor às chamas: um breve ensaio sobre o preconceito", faz uma análise entre a literatura específica e a vida real da população homossexual no início dos anos 2000.

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