O Setembro Amarelo e as campanhas de conscientização

O impacto das campanhas e a preparação para situações de crise

Por Nelly Winter*

Setembro, o mês dedicado à prevenção do suicídio, marca o início das campanhas de Setembro Amarelo, um esforço coletivo para aumentar a conscientização sobre saúde mental e reduzir os índices de suicídio. No entanto, enquanto essas campanhas têm um papel fundamental na promoção de diálogos sobre saúde mental e prevenção, é crucial analisar até que ponto elas têm resultados positivos e como lidar com situações de crise, especialmente no contexto de vulnerabilidades específicas, como a da comunidade LGBTI+.

Impacto das campanhas de Setembro Amarelo

As campanhas de Setembro Amarelo têm contribuído significativamente para a conscientização sobre saúde mental. Estas campanhas frequentemente se manifestam através de eventos, palestras e ações nas redes sociais, buscando desestigmatizar o tema do suicídio e encorajar indivíduos a buscar ajuda.

Resultados positivos:

1. Aumento da Conscientização: Muitas pessoas passaram a reconhecer sinais de alerta e a importância de falar sobre suas emoções, o que pode ajudar a prevenir crises graves.
2. Redução do Estigma: A visibilidade promovida pelas campanhas ajuda a quebrar o estigma associado aos transtornos mentais e ao suicídio, facilitando o acesso ao suporte psicológico.
3. Acesso à Informação: Campanhas como o Setembro Amarelo fornecem informações valiosas sobre recursos de apoio e estratégias de enfrentamento.

Preparação para situações de crise

No entanto, apesar do aumento da conscientização, muitas pessoas ainda enfrentam desafios ao lidar com situações de crise, especialmente se estiverem lidando com um ente querido que apresenta ideação suicida. Se você encontrar uma pessoa na sua casa com pensamentos suicidas, saber como agir pode fazer uma diferença crucial.

Passos importantes:

A comunidade LGBTI+ enfrenta riscos elevados de suicídio devido a múltiplos fatores, como discriminação, falta de aceitação e apoio social inadequado. Estudos mostram que a falta de uma rede de apoio eficaz e acolhedora é um fator crítico que contribui para esse cenário.

• Manter a calma e ouvir: Ouça a pessoa com empatia e sem julgamentos. Manter a calma e oferecer um espaço seguro para que ela possa expressar seus sentimentos é fundamental.
• Encaminhar para ajuda profissional: Incentive a pessoa a buscar ajuda profissional. Psicólogos, psiquiatras e serviços de emergência são recursos essenciais.
• Conhecer recursos de emergência: Em situações de emergência, como uma tentativa de suicídio iminente, ligue para o Corpo de Bombeiros (193). Eles são treinados para lidar com situações de crise e podem fornecer assistência imediata.

Vulnerabilidades específicas da comunidade LGBTI+

Recentemente, um relato chocante destacou a urgência dessa questão: uma pessoa da comunidade LGBTI+ tentou suicídio por ingestão de remédios e, durante o atendimento no hospital, foi humilhada pela equipe médica. Esse episódio revela uma lacuna preocupante na formação e na abordagem humanizada das equipes de saúde, especialmente em situações de crise.

Desafios na saúde brasileira:

• Preparação das equipes de saúde: A qualidade do atendimento pode variar significativamente. É crucial que todos os profissionais de saúde recebam treinamento adequado para lidar com situações de crise e fornecer um atendimento respeitoso e empático.
• Necessidade de sensibilização: A sensibilização e a formação contínua para lidar com pacientes em risco são essenciais para garantir que todos os indivíduos recebam o apoio que precisam sem serem julgados ou desrespeitados.

Recursos disponíveis

Se você está se sentindo sozinho e não tem com quem desabafar, há recursos disponíveis que podem oferecer suporte imediato:

• CVV (Centro de Valorização da Vida): O CVV oferece apoio emocional gratuito e sigiloso 24 horas por dia. Ligue para 188 ou acesse o site cvv.org.br para conversar com voluntários treinados.
• Serviços de emergência: Em situações de crise, como uma tentativa de suicídio, não hesite em ligar para o Corpo de Bombeiros (193) para obter assistência rápida e especializada.

As campanhas de Setembro Amarelo têm desempenhado um papel vital na promoção da conscientização sobre saúde mental e prevenção do suicídio. No entanto, é importante reconhecer que ainda há desafios significativos, especialmente em relação à atenção adequada e ao suporte para populações vulneráveis. A preparação para lidar com situações de crise e o acesso a recursos adequados são fundamentais para garantir que todos recebam o apoio necessário em momentos críticos. Lembre-se, buscar ajuda é um sinal de força, e há recursos disponíveis para oferecer suporte quando mais precisamos.

*O texto produzido pelo autor não reflete, necessariamente, a opinião do Portal VSP

Nelly Winter
Colunista VSP

Cuiabana de chapa, artista, escritora, publicitária, poetisa, palestrante, mestre de cerimônias e cerimonialista, questionadora de tabus, voluntária em ONG’s, apaixonada por pessoas, fascinada por divas do pop, amante de livros e DRAG QUEEN. O podcast DragPod é apresentado por ela. Nelly Winter foi criada por Thon Silva há 20 anos. E o que era hobby no início, hoje tem o objetivo debater os tabus sociais, com a finalidade de desmistificar rótulos impostos por uma sociedade machista.

Foto: Freepik

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