O Peso Invisível
Como a sobrecarga materna impacta o desenvolvimento infantil
Por Melaine Machado*
Ser mãe é uma das experiências mais gratificantes da vida, mas também pode ser uma jornada repleta de desafios. A sobrecarga materna, caracterizada pelo acúmulo de responsabilidades, expectativas sociais e pressões emocionais, emerge como uma realidade para muitas mulheres, tendo um impacto profundo não apenas em sua própria saúde mental, mas também no desenvolvimento de seus filhos.
O fardo da maternidade moderna é pesado e multifacetado. As mães frequentemente se veem equilibrando carreiras profissionais, tarefas domésticas, cuidados com os filhos e, muitas vezes, o cuidado de membros idosos da família. Esta carga desproporcional de trabalho não remunerado pode levar à exaustão física e emocional, aumentando o risco de depressão pós-parto, ansiedade e estresse crônico.
No entanto, o impacto da sobrecarga materna vai além do bem-estar da mãe. Estudos indicam que o ambiente emocional em casa desempenha um papel crucial no desenvolvimento infantil. Quando as mães estão sobrecarregadas e estressadas, isso pode afetar negativamente a qualidade das interações mãe-filho, prejudicando o desenvolvimento socioemocional e cognitivo da criança.
As crianças são altamente sensíveis aos sinais emocionais de seus cuidadores e podem absorver o estresse do ambiente circundante. Quando expostas a altos níveis de estresse materno, as crianças podem apresentar dificuldades no regulação emocional, comportamento desafiador e até mesmo problemas de saúde mental a longo prazo.
Além disso, a sobrecarga materna pode impactar a capacidade da mãe de fornecer estímulos cognitivos e emocionais adequados ao seu filho. O tempo e a energia limitados podem resultar em interações mais curtas e menos envolventes, reduzindo as oportunidades de aprendizagem e crescimento para a criança.
Para enfrentar esse desafio complexo, é essencial que a sociedade reconheça e apoie as mães em sua jornada de maternidade. Isso inclui a implementação de políticas de licença parental remunerada, programas de apoio à saúde mental materna e acesso a serviços de creche acessíveis e de qualidade.
Além disso, é importante que as próprias mães reconheçam a importância de cuidar de sua própria saúde mental e buscar apoio quando necessário. Isso não é apenas vital para o seu próprio bem-estar, mas também para o desenvolvimento saudável e feliz de seus filhos.
Em última análise, a sobrecarga materna é um desafio que não pode ser ignorado. Reconhecer e enfrentar esse peso invisível não apenas beneficia as mães, mas também tem um impacto positivo duradouro no desenvolvimento e no futuro de suas crianças.
*O texto produzido pelo autor não reflete, necessariamente, a opinião do Portal VSP
Melaine Machado
Colunista VSP
Profissional de Educação Física, psicomotricista clínica, especialista em desenvolvimento infantil. Criadora dos Projetos “Brincar Sensorial ” e “SOS mães atípicas” (a importância de cuidar de quem cuida). Desde 1996 tem proporcionado a inclusão social das crianças por meio do BRINCAR, que são atividades lúdicas que auxiliam no desenvolvimento. Nas redes sociais aborda os temas em @melaine_motricidade.
Foto: Barbara Olsen/Pexels
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