Cultura sem barreiras

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A inclusão em eventos é prioridade para garantir igualdade de oportunidades em experiências culturais

Por Geny Lisboa e Deborah Molitor*

O valor da inclusão na sociedade atual não pode ser ignorado, principalmente quando se trata de eventos culturais. Ações e iniciativas em prol da acessibilidade têm ganhado destaque no mundo do entretenimento, não apenas como estratégias de marketing, mas também em função da evolução da sociedade.

De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), acessibilidade é a possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para a utilização de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos e transporte coletivo de forma segura e autônoma.

A Lei Nº 10.098, em vigor desde 19 de dezembro de 2000, estabelece normas gerais e critérios básicos para promover a acessibilidade a pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Ela visa suprimir barreiras e obstáculos em espaços públicos, mobilidade urbana, edifícios e meios de transporte e comunicação.

No Brasil, a acessibilidade em eventos, sejam eles pequenos ou grandes, está se tornando cada vez mais uma prioridade. É evidente que a estrutura de um evento não pode mais ser pensada sem um planejamento específico para garantir a acessibilidade e a inclusão.

O público PCD (Pessoas com Deficiência) está recebendo cada vez mais atenção e cuidados para que também possam desfrutar plenamente das experiências culturais. Alguns shows e eventos pelo país têm realizado adaptações em suas estruturas, como filas preferenciais, estacionamentos exclusivos e rampas, a fim de possibilitar uma experiência mais inclusiva. Além disso, os novos eventos já nascem com preocupação em relação à acessibilidade.

Um exemplo é o The Town, um festival inclusivo que desde sua primeira edição foi desenvolvido com o objetivo de oferecer uma estrutura acessível não apenas para o público PCD, mas também para pessoas com outras necessidades especiais, como gestantes, lactantes, obesos, idosos e pessoas com mobilidade reduzida. Na compra do ingresso, já é possível se identificar como PCD para facilitar o atendimento durante o festival. Além disso, o evento disponibiliza meia-entrada não apenas para o PCD, mas também para o acompanhante.

A estrutura do festival conta com rotas específicas devido aos desníveis no local, proporcionando cadeiras de rodas emprestadas, kits para tornar as cadeiras de rodas motorizadas, plataformas e espaços elevados para melhor visibilidade, além de brinquedos adaptados e agendamentos prévios para o acesso prioritário. Também são disponibilizados kits sensoriais, mapas táteis, tradução de músicas para Libras, áudio descrição dos shows e transporte especial.

O evento também conta com uma Sala de Acomodação e Regulação Sensorial, especialmente indicada para pessoas com Transtorno de Processamento Sensorial, com iluminação e som reduzidos para proporcionar um ambiente acolhedor. Há uma equipe de terapeutas preparada para atender a essas necessidades, assim como ao público com Transtorno do Espectro Autista.

Além disso, o festival possui uma equipe de acolhimento treinada para atender casos de racismo, homofobia, transfobia, pânico e ansiedade.

Espera-se que exemplos como esse sejam seguidos e que essa seja apenas o início de uma nova era para as pessoas com deficiência e todos aqueles que necessitam de cuidados especiais.

Que haja mais eventos que ofereçam igualdade de oportunidades a todos.

*O texto produzido pelo autor não reflete, necessariamente, a opinião do Portal VSP

Geny Lisboa e Deborah Molitor
Colunistas VSP

Geny Lisboa, advogada com mais de 25 anos de experiência atuando no contencioso estratégico e processos envolvendo relações homoafetivas. Joga volei, gosta de viajar e de boas conversas.

Deborah Molitor, advogada com mais de 30 anos de experiência, atua especialmente na área empresarial, direito do trabalho e direito de família. Adora ler, escrever e de conversar com pessoas.

Ambas são sócias fundadoras da LMA Advogados

Foto: Festival The Town 2023/Reprodução Instagram

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