Ações que ressignificam o velho e o idoso
“Se o que torna algo velho é aquilo que não temos mais apreço ou não enxergamos serventia; seria correto chamar alguém de velho?” Então, o que é necessário para ressignificar o que é velho… e o idoso?
Por Viviane Lopes*
Na organização na qual trabalho tem um bazar. Recebem doações de roupas usadas, que são vendidas para angariar fundos e assim manter os projetos da ONG. Chegam caixas de vestuários todos os dias, e seus conteúdos são cuidadosamente arrumados para serem vendidos. O que não estiver em bom estado para venda, é encaminhado para comunidades carentes, o restante é dependurado em araras para se tornarem atraentes aos olhos de potenciais compradores.
O que mais me chama atenção é o fato de todas aquelas roupas terem participado da vida de outras pessoas, e terem agradado alguém que as manteve em uso até se tornarem velhas para o seu usuário. Mas para alguém que compra esta roupa usada, este a ressignifica como nova novamente.
Se o que torna algo velho é aquilo que não temos mais apreço ou não enxergamos serventia; seria correto chamar alguém de velho? Não estaríamos afirmando que alguém está acabado ou gasto? Sim, e é exatamente por este motivo que o termo velho foi substituído por idoso, depois que foi criado na França em 1962.
Velho, velhote ou velhinho, ainda são frequentemente abordados em sentenças que se referem ao público 60+. Com o aumento da expectativa de vida, não é correto utilizar termos tão ofensivos que contradizem os comportamentos observados nesta população, que ainda busca novos projetos e realizações, atualizando a sua relação com o mundo e as pessoas.
A imagem do idoso melancólico, aguardando a morte em vida para ser descartado como uma roupa usada, já não condiz mais com a nossa realidade. Cada vez mais percebemos esta nova fase da vida como um recomeço no processo de aprendizagem e autoconhecimento.
O idoso não pode ser tratado como um traje velho e sem utilidade, mas sim como uma peça importante da nossa sociedade a ser respeitado no processo de nossa própria história.
Quando olhar para uma pessoa com seus cabelos grisalhos, o rosto marcado e o andar menos afoito; lembre-se que todas as suas histórias estão ali, e que cada dia ela pode ressignificar a sua existência se tornando atraente para os olhos de quem a vir pela primeira vez.
*O texto produzido pelo autor não reflete, necessariamente, a opinião do Portal VSP
Viviane Lopes/Abrati
Colunista VSP
Psicóloga formada há 28 anos pela Universidade São Judas Tadeu, Viviane tem especialização em Psicodrama e Yoga. É diretora de Teatro Senior, atriz, cantadeira e arteira. Já trabalhou na área da saúde, e hoje atua com educação e clínica, além de trabalhar há 30 anos na área social com o público longevo. É Coordenadora Técnica da Abrati.
Foto: EVG Kowalievska/Pexels
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