A importância de cuidar de quem cuida

A importância de cuidar de quem cuida
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A realidade de mulheres que sofrem por caminhar sozinhas; que passam pelas mais diversas situações, pela falta do autocuidado, pelo desprezo, por doenças psicossomáticas e tentativas de suicídio. A realidade das mães atípicas!

Por Melaine Machado*

Estar em contato semanalmente com mães atípicas me levou a estudar orientação parental e criar em 2022 o workshop “SOS MÃES ATÍPICAS – a importância de cuidar de quem cuida“.

MÃES ATIPICAS nos remete a Maternidade atípica, um termo que tenta chamar a atenção da sociedade para as necessidades da mulher que cuida de pessoas com deficiência. Para que todos percebam que ela também precisa de cuidados. Estou para falar das crianças, e quem assume essa responsabilidade somos nós, mães.

No workshop falamos da realidade de mulheres que estão acometidas por várias situações, a falta do autocuidado, o desprezo, as doenças psicossomáticas, as tentativas de suicídio. São mulheres que sofrem por caminhar sozinhas. Essas mulheres precisam obter uma rede de apoio, deixar de ser sobrecarregadas e acabar de uma vez por todas esse título de mãe guerreira.

É preciso que a mãe atípica compreenda o contexto histórico da criação da família e o papel da maternidade, que faça o luto do filho idealizado e consiga criar uma rede de apoio para exercer uma maternidade atípica leve e saudável .

Parece impossível é verdade. Só que não!

A maternidade atípica é desafiadora sim. E precisamos ressignificar valores equivocados. Sendo assim, deixo aqui abaixo alguns tópicos que poderíamos até chamar de “postulados básicos sobre a Maternidade Atípica” – mas que, se pensarmos bem, bem mesmo, são, na verdade, tópicos essenciais sobre a maternidade em geral, que todos nós já deveríamos saber:

  • Qualificar uma mãe – típica ou atípica – de heroína, guerreira, supermãe, etc., pode até parecer (e ser, de fato) um elogio. Mas é preciso ter atenção se esses adjetivos não estão, na verdade, direcionando a essa mulher uma carga de atribuições e responsabilidades que poderiam (e deveriam!) ser divididas com o pai, com o restante da família e com uma boa rede de apoio;
  • A maternidade atípica implica, sim, em desafios específicos, que não raramente são mais difíceis (ou mesmo maiores) do que aqueles enfrentados na maternidade típica. Mas imputar nisso, automaticamente, ideias de fardo, pena, abnegação, etc, são atitudes preconceituosas e/ou capacitistas;
  • O autocuidado é um DIREITO de todo ser humano, e, com as mães, não deveria ser diferente. Mas acaba sendo. Na maternidade atípica, em especial, a reserva de tempo para cuidar da própria saúde física e mental, assim como de outras áreas da vida (social, afetiva, profissional, etc.), é, muitas vezes, encarada com culpa pela própria mulher e desincentivada pelas pessoas no entorno. Isso é um grande equívoco, porque ninguém cuida bem do outro se não estiver bem. Vamos mudar isso?
  • Junto com um filho, nasce uma mãe. Mas a maternidade (de cada filho) é também um processo em permanente construção. Na chamada “maternidade atípica”, é comum falarmos nas fases de choque/luto (ao receber a notícia sobre um comprometimento físico e/ou cognitivo ou de uma doença crônica da criança), a da aceitação (quando questões como culpa, revolta, medo, etc, já tiveram o seu tempo para serem elaboradas) e da ressignificação (quando a evolução e o desenvolvimento atípico são verdadeiramente compreendidos). É natural passar por essas etapas, mas contar com um suporte adequado em cada uma delas ajuda muito, não só a mãe, mas a toda a família.

Bem, esses são apenas alguns pontos que destaquei. Há ainda inúmeras outras questões. Estou falando também das grandes lições que temos no dia a dia, através do contato com histórias de vida e da partilha de experiências, como as que me sensibilizaram a criar o SOS MÃES ATIPICAS, assim como da importância de estarmos atentos às questões que precisam ser (re)pensadas e debatidas. Pois a maternidade merece – e precisa – ser celebrada. Por isso, hoje, os meus PARABÉNS, todo o meu respeito e o meu carinho para todas as MÃES!

*O texto produzido pelo autor não reflete, necessariamente, a opinião do Portal VSP

Melaine Machado
Colunista VSP

Profissional de Educação Física, psicomotricista clínica, especialista em desenvolvimento infantil. Criadora dos Projetos “Brincar Sensorial ” e “SOS mães atípicas” (a importância de cuidar de quem cuida). Desde 1996 tem proporcionado a inclusão social das crianças por meio do BRINCAR, que são atividades lúdicas que auxiliam no desenvolvimento. Nas redes sociais aborda os temas em @melaine_motricidade.

Foto: Pixabay

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