Quando Ser ridículo é um privilégio?

Quando Ser ridículo é um privilégio?
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Envelhecer é inevitável, o preconceito não e mesmo assim algumas pessoas preferem discriminar, inclusive aquelas que também sofrem preconceito

Por Viviane Lopes

Não é sobre envelhecimento. Não é sobre diferenças. Não é sobre escolhas. É sobre estereótipos, julgamentos e aprisionamentos.

Estar numa posição na qual me limito a realizar sonhos, buscar novos projetos, não errar e não ser quem eu realmente sou; por querer seguir um padrão de comportamento que entendo ser mais adequado à minha idade longeva, é concordar que meus anos de vida sigam um fluxo pré-estabelecido de impedimentos que me afastam do direito de simplesmente viver os anos que restam em plenitude.

Apesar dos declínios físicos e cognitivos, uma parcela de mim existe, e pulsa pela vida. Desde a criação do Estatuto do Idoso, muita coisa mudou. Os 60+ descobriram que podiam sair de suas casas, dançar, “fazer” teatro, praticar atividade física, divertir-se e empoderar-se da saúde do corpo e mente. Entenderam que buscar a participação nos grupos de idosos minimizaria os sintomas da depressão, ansiedade, solidão e até do “ninho vazio”, para citar alguns exemplos. Mas e quando isto não acontece? E quando o idoso acredita que a espontaneidade de outro longevo, é um abuso existencial?

Há idosos que, infelizmente, lançam críticas para quem está buscando felicidade, de quem tem coragem de não se intimidar diante de olhares de reprovação. Acompanham a dança de quem tem dificuldade de encontrar o ritmo; a dramatização de quem necessita de um tempo maior para decorar um texto; ouvem os que falam, sem medo de serem julgados. Para no final dizerem “como são ridículos esses velhos“.

Sim, há preconceito no meio “da nossa gente”. Pessoas que tristemente sentem a vida na sua paralisia, como finitude constante.

Na Abrati, Associação Brasileira de Apoio à Terceira Idade, uma entre tantas outras organizações que oferecem um palco existencial para o envelhecer digno, respeitoso e alegre, se proporciona que pessoas que romperam com barreiras mentais vivam seus sonhos, projetos, amizades, saúde e propósito de vida..

Que os grilhões do corpo e da mente, sejam dissipados para que todos possam viver sua fase da vida com excelência. Que as risadas ocupem espaços e atinjam corações; que as rugas rompam os padrões estéticos e se configurem na beleza da alma; que fazer o que gosta, seja um privilégio e não uma afronta.

*O texto produzido pelo autor não reflete, necessariamente, a opinião do Portal VSP

Viviane Lopes/Abrati
Colunista VSP

Psicóloga formada há 28 anos pela Universidade São Judas Tadeu, Viviane tem especialização em Psicodrama e Yoga. É diretora de Teatro Senior, atriz, cantadeira e arteira. Já trabalhou na área da saúde, e hoje atua com educação e clínica, além de trabalhar há 30 anos na área social com o público longevo. É Coordenadora Técnica da Abrati.

Foto: Alena Darmel/Pexels

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