Epilepsia sem preconceito: os cuidados com pacientes nas fases infantil e adulta
Foi celebrado na última segunda-feira (13), o Dia Internacional da Epilepsia; uma data importante para conscientização sobre a doença e para o combate ao preconceito
Por Bruno Brandão
Apenas no Brasil, cerca de três milhões de pessoas sofrem com os sintomas. No Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara (HGWA), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) situada em Fortaleza, a Pediatria é a clínica que atende mais pacientes diagnosticados ou em fase de investigação, encaminhados via Central Estadual de Regulação.
De acordo com a neuropediatra do equipamento, Paula Monteiro, a epilepsia é uma doença crônica na qual o paciente tem maior risco de apresentar crises epilépticas – nem toda convulsão é componente da patologia, podendo ter outras origens, como baixa glicemia.
“Temos a epilepsia genética, na qual o paciente já nasce com ela – a maioria dos casos. Também há a epilepsia estrutural, em que as causas podem ser determinadas ao nascimento, diante de uma lesão ou de sequela de alguma doença ou algum acidente“, afirma Monteiro.
A neuropediatra chama atenção para o preconceito em torno da doença, ressaltando não ser uma deficiência. “Na infância, o paciente precisa do cuidado de pais ou responsável legal. Eu sempre explico que essa criança ou esse adolescente não será diferente dos demais, mas é preciso prevenir riscos. Tomar banho no mar ou em piscina sozinho, andar em bicicleta em ladeiras e subir em árvores, por exemplo, são práticas não indicadas“.
A pequena Lavinia Elóa, de 4 anos, é assistida no ambulatório do HGWA há dois meses. “Desde os três meses de vida, ela sente convulsões, tem espasmos, frequentes até hoje. Com o acompanhamento, a situação ficou melhor. As médicas têm uma atenção especial, inclusive com a medicação adequada. Atualmente, ela tem uma vida normal, estuda, brinca, pula, corre. Aprendi a conviver com o diagnóstico e com as crises“, diz a mãe da criança, a agricultora Jucineide Dantas, natural de Jucás, no interior cearense, também diagnosticada com epilepsia.
– Diagnóstico –
A investigação dos sintomas deve ser feita por um profissional apto. Um dos determinantes é quando o paciente registra pelo menos duas crises epilépticas, com intervalo maior que 24 horas entre elas e sem causa conhecida.
Outra forma de identificar é por meio de exames e de avaliação de um neurologista. A pessoa com epilepsia pode ter crises focais, com perda do movimento de uma parte do corpo ou ter transtornos generalizados, com perda de mobilidade nos braços e nas pernas e de consciência.
“O acompanhamento com o neurologista torna a vida mais saudável, reduzindo sequelas e riscos de morte. Assim, conseguimos controlar e dar seguimento no tratamento e na vida de quem é diagnosticado“, pontua Paula Monteiro.
A dona de casa Joice Prazeres, de 24 anos, acompanha o filho Brayan Gabriel durante internação no HGWA, equipamento administrado pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH). O pequeno, de apenas sete meses, sofre com convulsões desde os dois meses. O menino está em fase de diagnóstico.
“Com cinco meses, ele teve o segundo evento. Foi quando consegui levá-lo na Emergência. Eu fico muito preocupada, pois as crises são recorrentes, e ele fica roxinho, como se estivesse faltando ar. O médico falou que ele deve continuar o tratamento por, pelo menos, mais dois anos“, pontua a jovem, residente no município de Itatira.
– Cuidados e mitos –
Um dos mitos da epilepsia está relacionado com o enrolar da língua no momento da convulsão. Uma das práticas não recomendadas é colocar a mão na boca do indivíduo.
“O paciente precisa ser protegido de se machucar, sendo colocado em um local confortável e posicionado de lado. Não adianta colocar a mão na língua, isso é lenda; a pessoa não vai morrer por causa da língua. Nos pacientes já diagnosticados, é importante observar o relógio em momentos de crise. A partir de cinco minutos, é necessário buscar atendimento de urgência imediatamente“, orienta a neuropediatra.
– Epilepsia na fase adulta –
Segundo a médica neurologista Joyce Benevides, coordenadora da Clínica de Acidente Vascular Cerebral (AVC) do HGWA, os cuidados na fase adulta devem ser continuados. “O tratamento é feito com medicação. Algumas vezes, em 15% a 20% das pessoas que têm o diagnóstico, existe uma complicação de mais difícil controle, sendo necessárias cirurgias“, ressalta.
O diagnóstico na fase adulta, acrescenta a neurologista, pode estar associado a algum tipo de AVC. “Aquela área do cérebro afetada pode jogar descargas elétricas que levam a crises convulsivas, embora não seja tão comum“, pondera. Benevides também sublinha que pessoas com epilepsia não podem conduzir veículos ou operar máquinas pesadas, além de evitar ir ao mar ou a piscinas sozinhas.
Publicado originalmente no portal do Governo do Estado do Ceará – Editado na Redação VSP
Foto: Nelly Aran/Pexels
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