Campanha do Janeiro Branco ajuda a combater o preconceito sofrido por comunidade LGBTQIAP+
O Brasil é o país que mais mata pessoas da população LGBTQIAP+ contabilizando uma morte a cada 29 horas. O psicólogo Kaio Rodrigues afirma que ensinar a respeitar, desde a infância, pode ser uma saída.
Por Isabela Leal
Janeiro, o primeiro mês do ano, costuma servir como ponto de partida para inspirar muitas pessoas. A campanha do Janeiro Branco é voltada à essa inspiração e é um movimento social dedicado à chamar atenção para a saúde mental na humanidade. No caso da população LGBTQIAP+, esse processo inclui o combate à descriminação e ao preconceito.
A cor branca foi escolhida simbolicamente e representa “folhas ou telas em branco”, sobre a qual cabem novos projetos e expectativas. De acordo com o psicólogo Kaio Rodrigues, quando a pauta é a população LGBTQIAP+, é preciso ter um novo olhar.
“Infelizmente, essa população é muito excluída dentro na sociedade, o que gera dentro deles um sofrimento ainda maior. Ainda estamos muito ligados a uma sociedade voltada para a heteronormatividade. Tudo que costumamos ver é voltado ao homem e a mulher, simplesmente”, disse.
O psicólogo esclarece que a saúde mental não faz parte somente de um contexto psíquico, mas sim de um contexto social e que envolve toda a sociedade. No entanto, grande parte da população LGBTQIAP+ não tem garantido o direito à saúde mental.
“O preconceito, infelizmente, acaba sendo uma porta aberta para que essas pessoas tenham seus direitos à saúde abalados. Esse mês de janeiro deve servir para ajudar a todos, seja quem for, afinal uma sociedade saudável é uma sociedade que vive a aplica o respeito em todas as suas instâncias”, afirmou.
O Brasil é o país com maior número de assassinatos dessa população. De acordo com o Grupo Gay da Bahia (GGB), em parceria com a Aliança Nacional LGBTI+, com dados de 2021, acontece uma morte a cada 29 horas. No entanto, o número real deve ser ainda maior. Foram 276 homicídios (92% do total) e 24 suicídios (8%) no ano passado.
Kaio Rodrigues lamentou que o preconceito parte da desinformação e que muitas pessoas não sabem a diferença entre identidade de gênero e orientação sexual. “É preciso aprender pra entender. O preconceito é algo triste, porém real”, pontuou.
Ele finalizou contando que o mês de janeiro é uma grande oportunidade para acolher, entender e respeitar a comunidade LGBTQIAP+, até mesmo para as crianças.
“Desde pequenos o respeito é bem-vindo. Precisamos educar com amor e entender que as crianças que são ensinadas hoje, amanhã serão cidadãos adultos e conscientes. Essa pode ser uma saída para o preconceito e a descriminação”, frisou.
– Gênero e orientação sexual –
Em um cenário de muita diversidade e discussão sobre gênero e orientação sexual, muita gente ainda se confunde e não entende a real importância dos termos. Confira a diferença entre eles:
Identidade de gênero é a experiência da pessoa a respeito de si mesmo e das suas relações com outro gênero. Ela não depende do sexo biológico.
Pode ser binária, quando a pessoa se reconhece como mulher ou homem, ou não-binária, quando ela se identifica com outros tipos de gêneros (cisgênero, transgênero, transexual, genderqueer, bigênero, pangênero e drag queen).
A orientação sexual por sua vez é relacionada ao lado afetivo, sexual e amoroso das pessoas. Ou seja, é determinado pela atração à outra pessoa, independente do sexo biológico dela.
Fazem parte desse grupo os heterossexuais (atração afetiva por pessoas do gênero oposto); homossexuais (atração afetiva por pessoas do mesmo gênero e sexo); bissexual (atração afetiva por pessoas de qualquer gênero e sexo); assexual (pessoas que não sentem atração por nenhum gênero e sexo) e pansexuais (atração afetiva ou sexual que não depende de gênero sexual ou sexo biológico).
– Entenda o que a sigla LGBTQAP+ significa –
Na década de 1990, GLS era a sigla que definia os espaços e pessoas que faziam parte da comunidade gay. No entanto, por excluir diversas orientações sexuais e identidades de gênero, a Associação Brasileira LGBT (ABGLT) atualizou a nomenclatura para a atual versão conhecida, a LGBTQIAP+.
A nova nomenclatura representa:
- Lésbicas;
- Gays;
- Bissexuais;
- Transgêneros;
- Queer;
- Intersexuais;
- Assexuais;
- Pansexuais
Publicado originalmente no G1
Foto: Rosemary Ketchum/Pexels
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