Qualquer forma de preconceito é abominável

Qualquer forma de preconceito é abominável
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Você não precisa amar o Neymar, basta não odiá-lo. Afinal, o ódio declarado ao jogador pode despertar uma esquerda que tende a sair do armário?

Por Cleber Siqueira

Relutei muito em escrever esse texto. Esperei por dias que muita gente “voltasse atrás” em suas opiniões e fizesse uma “mea culpa”. Só que não! Foram dias e dias lendo pessoas da esquerda desejando o mal para o Neymar. E eu não estou acostumado com isso. Afinal, isso não é a esquerda. A esquerda não trabalha no ódio. Uma das principais pautas da esquerda é o apoio às diferenças e à diversidade. Como posso enfiar o dedo na cara da extrema-direita brasileira e dizer que eles disseminam o mal, se eu faço o mesmo com um importante jogador de futebol e que representa a minha seleção? E tudo isso, simplesmente porque o cara tem uma opinião diferente da minha.

Somos incansáveis em dizer que qualquer forma de preconceito é abominável. Homofobia, racismo, etarismo, gordofobia, aporofobia etc, seja qual for a discriminação, tem de ser combatida. Nesse sentido, o Portal VSP tem ressaltado diversas vezes em suas publicações que entre os pilares que sustentam nossa ideologia está o paradoxo da tolerância, ou “aos intolerantes a intolerância”. Porém, mesmo assim, não podemos ser generalistas.

Como jornalista, muito antes de idealizar e fundar o Portal Viver Sem Preconceitos, eu já combatia as atitudes do então deputado federal Jair Bolsonaro. Sua misoginia, seu racismo e sua homofobia, além de outras maneiras discriminatórias de tratar tudo aquilo que não estava “de acordo com suas regras particulares”, me inquietavam. Mas ainda havia algo pior! Além de exortar seus preconceitos com deboche, suas palavras sempre foram carregadas de ódio. Motivos pelos quais eu sempre o enxerguei como um disseminador do ódio e da violência. E, por isso, eu sempre o combati.

Mas o que precisa ficar claro é que esse combate não se estende às pessoas que apoiam Bolsonaro. Devemos lembrar que até antes do surgimento dessa “entidade”, o cenário político brasileiro era de uma democracia. Vez por outra eclodia uma guerra, mas claro que, assim como no futebol, sempre brigada dentro das quatro linhas do campo. Quando alguém insistia muito na desordem, tomava um cartão vermelho e sumia por uns tempos. Com a entrada da equipe bolsonarista, a coisa mudou e a torcida foi contagiada.

Neymar é só mais um nessa torcida! Por mais famoso e formador de opinião que seja, ele não é a raiz do problema, ele é o fruto. Ele está acima da terra, assim como qualquer um de nós. E aqui, nesse ponto, vale ressaltar o quanto o paradoxo da tolerância é claro: “aos intolerantes a intolerância”. Ele não específica quais intolerantes, se os da direita ou os da esquerda.

Se você acha que tem o direito de dizer que pessoas da direita conservadora são disseminadoras do ódio, gente ruim que estava escondida no armário e que com a ascensão do Bolsonaro pode liberar seu ódio, reveja seus conceitos. Porque se você deseja o mal a um jogador da seleção brasileira, sendo ele fundamental ou não, então, você também pode estar saindo do armário.

Foto: Neymar e a foto do tornozelo lesionado que o tirou da 1a fase da Copa do Mundo no Catar/Reprodução Instagram

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Cleber Siqueira

Cleber Siqueira

Jornalista, é autor do livro "Fernando, o menino sem dedos". Fundador e editor do Portal Viver Sem Preconceitos, tem pós-graduação em Sociopsicologia. Sua monografia, intitulada "Homossexualidade, o amor às chamas: um breve ensaio sobre o preconceito", faz uma análise entre a literatura específica e a vida real da população homossexual no início dos anos 2000.

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