Falar de gordofobia é falar de discriminação e perda de direitos!
A maioria das pessoas confunde gordofobia com pressão estética, mas, há uma grande diferença entre os dois termos.
Por Keit Lima
A pressão estética atinge todas as pessoas, mas principalmente as mulheres, pois estamos submetidas a um padrão de beleza socialmente imposto.
Uma pesquisa realizada pela Dove em 2019, revela que aproximadamente 70% das mulheres não se sentem representadas por imagens que veem no seu dia a dia e 96% delas não se acham bonitas. Essa pesquisa aponta como a pressão estética nos afeta, impondo um padrão de beleza inatingível.
Quando falamos de gordofobia, estamos falando sobre discriminação e sobre ser vista como doente sem nenhum exame que comprove isso. Estamos falando de exclusão social e de espaços e dos muitos olhares e atitudes que dizem e afirmam que determinados espaços não são nossos.
Viver numa sociedade extremamente racista e gordofóbica me fez odiar meu corpo e cor desde a infância. Precisei me reeducar para me amar. Foi uma jornada longa de autoconhecimento e autoafirmação. Foi um processo político e revolucionário.
Hoje me posicionar e ocupar espaços é dizer que corpos gordos existem e que estamos criando novas narrativas de existência plena. É pela humanidade dos nossos corpos, pelo direito de ser e viver.
Meu corpo é só meu e o seu também é todinho seu. Ele tem história, tem memória e é ancestral. O meu corpo gordo em constante movimento merece ser vivido em sua plenitude e eu não preciso fugir dele, e você também não.
A gordofobia desumaniza e torna público o corpo gordo, o preconceito vem disfarçado de preocupação com a saúde, todo mundo finge preocupação com ele e se sente à vontade para aconselhar dietas ou recomendar um médico, as pessoas precisam entender e separar o corpo saudável do corpo magro, eles não são sinônimos. Todos os tipos de corpos podem ter pessoas doentes. Todos os tipos de corpos podem ter pessoas saudáveis.
Precisamos que as pessoas parem de destilar seu preconceito em forma de dicas, e ao invés disso, peguem essa energia e o tempo para lutar pra que as pessoas gordas tenham seus direitos assegurados, lute para que hospitais tenham macas, cadeiras, braçadeiras, aparelhos e roupas para todos, precisamos garantir acesso à todos os corpos. O corpo gordo não precisa ser tutelado, mas, precisa de direitos garantidos!
É importante falarmos sobre autoestima, porém, é essencial e urgente falarmos sobre direitos e acessos, sobre política pública e defender o direito e o respeito que o meu e todos os corpos deveriam tem. Reivindicar e ressignificar os nossos corpos gordos, pretos e periféricos no território e na consciência política é caminhar em direção a garantia da cidadania plena de todos nós!
Publicado originalmente no portal Geledés
Foto: John Diez/Pexels
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