Dia de Combate à Gordofobia

Dia de Combate à Gordofobia
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Hoje, 10 de setembro, celebra-se o Dia de Combate à Gordofobia. Uma data própria para reflexão, um convite à empatia, afinal, são datas como essa que nos lembram que sempre é possível respeitar.

Por Cleber Siqueira

Pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde, em 2021, aponta que 57,25% dos brasileiros estavam com sobrepeso. Os números mostram um aumento de quase 2% em relação ao período anterior à pandemia, 2019, quando chegou a 55,4%.

Em entrevista ao podcast do Viver Sem Preconceitos, em 2021, a jornalista Jéssica Balbino usou esses números para mostrar que apesar de a gordofobia ser algo bem recente, havia um contrassenso. Para ela, o fato de 56% da população brasileira serem de gordos ou de pessoas com sobrepeso, causava estranheza, pois tornava o padrão dominante, o mais perseguido; já o padrão que se busca “não existe e não vai chegar nunca, pois se você for magra, não pode ter estrias, e se não tiver estrias, tem de ter o nariz afilado e se tiver o nariz afilado, você tem de ter os dentes brancos, e se eles forem brancos, têm de ser retos e se forem retos, os lábios têm de ser carnudos […] e ai chega-se à conclusão que não existe um número de modificações corporais para atender o padrão considerado ideal pela sociedade“, explicou.

Chegamos a 2022, o número de pessoas com sobrepeso e “gordas”, como Jéssica prefere dizer, tem aumentado, assim como o número de pessoas que buscam o modelo de corpo perfeito… e impossível. Uma associação de situações que tende exclusivamente a endossar o preconceito, a gordofobia.

Buscando conscientizar a população sobre a luta anti gordofobia, o portal iG realizou ontem (09), uma live com a Jéssica e outras duas jornalistas, a gordoativista e colunista do iG Delas, Naiana Ribeiro e a criadora de conteúdo sobre moda inclusiva, antirracismo e gordoativista, Genize Ribeiro. O papo: gordofobia, saúde mental e o dia do Combate à Gordofobia.

Da conversa, o iG ressaltou 3 passagens importantes que resumem bem o preconceito e a violência que essa população tem sofrido e a importância da luta, que não deve ser só delas, mas de todos que desejam uma sociedade mais empática.

Gordofobia não é só a aversão às pessoas gordas, mas opressão. É um problema estrutural que a gente vê tanto fisicamente com a falta de acessos e direitos, como de forma simbólica nas opressões, simplesmente por ser gordo, seja, no mercado de trabalho ou na saúde, por exemplo“, explica Naiana.

Genize reforça que, por mais que essa seja uma discussão que existe no ano todo, é importante que exista uma data para reforçar a luta antigordofóbica: “A data é importante, justamente, para a gente discutir pautas importantes como acesso e despatologização do nosso corpo. Vai muito além de comprar roupas ou se não acharem a gente bonita. O problema é eu querer sair da minha casa para ir no mercado e não conseguir passar na catraca do ônibus. É ter que escolher o bar pelo tamanho da cadeira ou pensar mil vezes se quero ir ao cinema para ficar duas horas apertada num assento“.

Por fim, Jéssica afirmou que a patologização ou não de pessoas gordas é um assunto que diz respeito a todas as pessoas: “Quando a gente patologiza corpos gordos, nós os lemos como corpos doentes, que seriam inválidos para existirem socialmente. No entanto, isso é muito lido como uma escolha. É quase como se as pessoas gordas escolhessem ser gordas. Isso é muito calcado em um discurso extremamente médico e vendido do cálculo do IMC, que é colocado como um limitante para essa pessoa“.

Para conhecer um pouco mais sobre o trabalho de Jéssica Balbino clique aqui, e leia a matéria feita com ela, em 2021 ou acesse o link abaixo, e ouça o episódio Lute como uma gorda, do podcast Viver Sem Preconceitos.

Foto: Jéssica Balbino/Arquivo Pessoal

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Cleber Siqueira

Cleber Siqueira

Jornalista, é autor do livro "Fernando, o menino sem dedos". Fundador e editor do Portal Viver Sem Preconceitos, tem pós-graduação em Sociopsicologia. Sua monografia, intitulada "Homossexualidade, o amor às chamas: um breve ensaio sobre o preconceito", faz uma análise entre a literatura específica e a vida real da população homossexual no início dos anos 2000.

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