“Se eu tivesse 8 anos menos serviria para a vaga”
Do alto cargo à dura procura de emprego. A trajetória de um executivo até o momento em que o etarismo se torna realidade
Por Rogério Nunes, especial para o Portal VSP
Durante três décadas atuei na área de tecnologia de informação como funcionário, daqueles com carteira assinada, férias remuneradas e bônus de final do ano. Iniciei como programador nos anos 1970 e encerrei ocupando posições C-level em grandes empresas.
Quando atuamos em posições de destaque nosso ego acredita que somos importantes, na verdade a relevância é do cargo que ocupamos, do orçamento que administramos. Raramente percebemos que “estamos” e não que “somos” um gerente ou diretor da empresa.
Quando a demissão ocorre num cargo do topo da pirâmide acreditamos que nos recolocaremos logo, afinal, muitas empresas e profissionais nos conhecem. Mas, quando iniciei minha busca por recolocação fui recebido com frieza e indiferença, eu já não era mais o “fulano” da tal empresa.
Passava boa parte do dia fazendo e distribuindo currículos para as empresas que eu admirava. Providenciei cartões de visita para distribuir em todos os eventos que encontrava, e visitava os contatos que aceitavam me receber.
Na época não achei necessário ter um site, nem ajustar o meu perfil no LinkedIn, afinal eu tinha sido o tal “fulano” daquelas grandes empresas. Isto deveria abrir as portas, não quem eu era.
Após distribuir dezenas de currículos, a ficha começou a cair. Meu perfil não interessava aos empregadores que procurei, raramente recebia um retorno agradecendo por participar do processo seletivo. Baixei a pretensão salarial e o cargo de interesse imaginando que resolveria.
Com a estratégia passei a ser chamado para entrevistas; os empregadores exigiam competências do cargo superior ao pretendido e ainda conhecimentos técnicos e certificações. Comecei a estudar para certificar-me em atividades que eu fiz a vida toda mesmo sem ter os títulos.
Finalmente fui chamado para uma entrevista com um headhunter de primeira linha. A conversa fluiu bem, havia empatia e eu estava confiante. Quando ele perguntou minha idade, dizendo que não havia encontrado no meu currículo nem nas redes sociais, a oportunidade desapareceu.
“eu estava acima da faixa etária definida pelo cliente”
Percebi que suas feições mudaram. Após uma pausa, reiniciou falando que eu não aparentava a idade. Disse que eu descrevia realizações com o entusiasmo de um jovem, mas que eu estava acima da faixa etária definida pelo cliente.
Perguntei qual seria uma boa idade para eu ter com o meu perfil e aparência. Ele respondeu que eu aparentava uns 10 anos menos. A partir deste evento adotei uma nova data de nascimento com oito anos a menos em meu currículo e redes sociais.
Vida longa aos maduros com energia e entusiasmo, pois o melhor ainda está por vir.
Rogério Nunes atualmente trabalha como consultor especializado em pequenos negócios
Foto em destaque: Rogério Nunes/Arquivo Pessoal
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Continua um garotão.