75% dos brasileiros acreditam haver múltiplas desigualdades no país

75% dos brasileiros acreditam haver múltiplas desigualdades no país
Compartilhe este artigo

Pesquisa nacional inédita traz aspectos da percepção das pessoas sobre raça, renda, orientação sexual e acesso à serviços

O Instituto Cidades Sustentáveis (ICS) divulgou recentemente, os resultados da pesquisa “Cidades Sustentáveis: Desigualdades”. O levantamento buscou conhecer a percepção da população brasileira sobre as múltiplas desigualdades presentes no país.

Realizado entre os dias 1º e cinco de abril de 2022, o estudo abordou duas mil pessoas com mais de 16 anos, em 128 municípios de todo o Brasil. Os dados revelam que a maioria expressiva da população brasileira consegue perceber o aumento da pobreza no país, além de grande vulnerabilidade em relação às minorias sociais, como negros, mulheres e pessoas LGBTQIA+.

Os recortes contemplados incluem a necessidade de desenvolver atividades extras para complemento de renda, a percepção sobre pessoas em situação de fome e pobreza, as situações de preconceito e o acesso a serviços digitais.

– Preconceito –

Para mais de 125 milhões de brasileiros (cerca de 75% da população), o preconceito pode ser observado na diferença ao tratamento dado entre pessoas negras e brancas, que é algo expressivo, principalmente em estabelecimentos comerciais, ambientes escolares e no trabalho.

No Nordeste, os locais onde mais se percebe situações de racismo são nos hospitais e em de saúde, já no Norte e Centro Oeste, a discriminação é vista nas ruas e espaços públicos de convivência. Já no Sudeste, os Shoppings e estabelecimentos comerciais lideram os locais com mais casos de diferenciação no tratamento étnico. No Sul observa-se o tratamento desigual em situações de trabalho, como em processos seletivos.

Discriminações em relação à orientação sexual e de gênero também aparecem no levantamento. Os dados mostram que três em cada cinco brasileiros já sofreram ou viram alguém sofrer preconceito. Sendo que 47% das mulheres declararam já ter sofrido assédio, principalmente na rua ou nos transportes públicos.

De forma geral, a situação de vulnerabilidade das minorias sociais é maior nos espaços públicos, onde estão mais expostos a agressões verbais e físicas. Além disso, situações em que existe uma hierarquia, como situações de trabalho, também permitem um abuso de autoridade sobre essas pessoas. A análise mostra, ainda, que a região Sul percebe menos as situações de preconceito quanto a raça/cor, orientação sexual ou identidade de gênero.

A percepção do aumento da situação de vulnerabilidade, especialmente quando se trata de aquisição de bens básicos e alimentos, foi a resposta obtida em 75% dos entrevistas.

– População mais vulnerável –

Além da expressiva percepção no sentimento do preconceito, a pesquisa, ainda mostra que cerca de 75% dos brasileiros conseguem notar o aumento de pessoas em situação de vulnerabilidade social, principalmente para uma população que tem sentido uma maior dificuldade em comprar alimentos e itens básicos.

Outro fator importante para essa percepção está no crescente número de pessoas morando nas ruas, 34%.  Esse percentual é maior no sudeste (84%), em especial nas capitais (85%) e periferias metropolitanas (84%). Isso significa que em municípios em que a população é superior a 50 mil habitantes, as desigualdades e o aumento da pobreza e da fome se tornam maiores aos moradores.

Para tentar driblar a situação econômica, 45% dos brasileiros precisaram fazer atividades extras para complementar sua renda no último ano. Entre as atividades mais realizadas, os serviços gerais (faxinas, manutenção, marido de aluguel) lideram o ranking, com 13%; seguidos pela venda de comida caseira, com 8% e roupas e outros artigos usados, com 6%.

Em relação às regiões brasileiras, o Sudeste apresentou o maior índice de procura pela complementação da renda, com 49% dos habitantes em algum tipo de atividade adiciona. Já o sul do país foi a região com menor necessidade de complementar a renda, 63% da população não precisou fazer atividades extras. Além disso, a pesquisa também aponta para maior necessidade das atividades extras entre as famílias com renda de até um salário mínimo e entre os evangélicos.

Sobre a pesquisa, Jorge Abrahão, diretor do Instituto Cidades Sustentáveis, diz que “é fundamental um olhar nacional sobre questões tão estruturais da nossa desigualdade, especialmente considerando a proximidade das eleições e a resposta que os candidatos terão de dar à crise atual.”

Fonte: Instituto Cidades Sustentáveis (ICS)
Foto: Para 75% da população, negros e brancos são tratados de forma diferente no comércio, na escola e no trabalho – por Anna Shvets/Pexels

Siga o Viver Sem Preconceitos nas Redes Sociais

Curta, comente, compartilhe…

Vamos fazer do mundo um lugar melhor para se viver,
um lugar com menos preconceitos!

O Portal Viver Sem Preconceitos autoriza a reprodução de seus conteúdos -total ou parcial- desde que citada a fonte e da notificação por escrito.
Para o uso de matérias e conteúdos de terceiros publicados aqui
, deve-se observar as regras propostas por eles.

Cleber Siqueira

Cleber Siqueira

Jornalista, é autor do livro "Fernando, o menino sem dedos". Fundador e editor do Portal Viver Sem Preconceitos, tem pós-graduação em Sociopsicologia. Sua monografia, intitulada "Homossexualidade, o amor às chamas: um breve ensaio sobre o preconceito", faz uma análise entre a literatura específica e a vida real da população homossexual no início dos anos 2000.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *