Porque as desculpas de Chú Santos não foram aceitas

Porque as desculpas de Chú Santos não foram aceitas
Compartilhe este artigo

Pedidos de desculpas têm limite e o povo cansou

No final do mês de março, Xuxa sugeriu que presos fossem usados como cobaias de testes para vacinas e remédios, pois assim “serviriam para alguma coisa antes de morrer”. No dia seguinte, após a polêmica causada na Internet e por perceber que suas palavras não tinham sido bem recebidas, ela pediu desculpas. Porém, sua retratação não foi aceita e as agressões continuaram. Naquele momento, matéria do VSP (http://(https://viversempreconceitos.com.br/2021/04/06/a-internet-o-preconceito-e-as-desculpas-de-xuxa/) questionou os ataques sofridos pela Xuxa, após seu pedido de desculpas.

Agora, algo semelhante acontece com a jogadora de futebol do Palmeiras e da seleção brasileira, Chu Santos, que, logo após a morte de Paulo Gustavo, disse que o comediante foi para o inferno.

Como não podia ser diferente, suas palavras caíram como uma bomba nas redes sociais; críticas e agressões surgiram de todos os lados. A jogadora excluiu o post e pediu desculpas. Mas, assim como aconteceu com a Xuxa, não adiantou… sua retratação também não foi aceita.

As inúmeras semelhanças entre os dois casos nos levam a refletir.

O povo está menos tolerante ou são os intolerantes reacionários que estão testando a paciência do povo? Estariam esses se arriscando a praticar preconceitos como racismo ou homofobia, por exemplo, com a deslavada intenção de “se der certo, deu… se não der, eu peço desculpas”?

Isso deixaria a vida bem mais fácil, não é? Se errar, basta pedir desculpas que está tudo bem. Só que não é bem assim e pra tudo existe limite.

E ao que parece o povo entendeu que o limite dos pedidos de desculpas dos intolerantes reacionários, já foi ultrapassado.

Aproveitando que as desculpas de Chu Santos não foram aceitas, que tal um exercício de cidadania?
Apesar da revolta nas redes sociais contra Xuxa, Chu Santos, assim como foi com a Karol Conká e com o Projota, efetivamente nada acontece. A revolta cria fumaça, mais fumaça… muita fumaça, mas logo tudo se dissipa e todos voltam às suas vidas normalmente. O máximo de punição que percebemos são perda de um show, perda temporária de dois ou três patrocinadores, além de algumas semanas ou meses de ostracismo. Aliás, o ostracismo se torna algo bem conveniente para quem tem que ficar de boca calada.

Então, o que devemos fazer para que algo aconteça? Algo como uma punição… de verdade.

Pedir a exclusão de Chu Santos da seleção, por exemplo? Mas e se sua habilidade profissional fizer falta à equipe?

Seja qual for e a quem for direcionada a punição, uma coisa é certa: a exclusão das redes sociais, com consequente perda de seguidores e patrocinadores, seria meio caminhado andado para que outros intolerantes passassem a pensar duas vezes antes de falar e escrever o que querem como se não houvesse amanhã, ou então, como se para o amanhã bastasse um pedido de desculpas.

Foto em destaque: Chu Santos/Foto CBF

Cleber Siqueira

Cleber Siqueira

Jornalista, é autor do livro "Fernando, o menino sem dedos". Fundador e editor do Portal Viver Sem Preconceitos, tem pós-graduação em Sociopsicologia. Sua monografia, intitulada "Homossexualidade, o amor às chamas: um breve ensaio sobre o preconceito", faz uma análise entre a literatura específica e a vida real da população homossexual no início dos anos 2000.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *