Homens Trabalhando
Uma reflexão a partir do trabalho de funcionários públicos em uma obra de rua
Por Viviane Lopes*
Semana passada, caminhando no bairro onde moro, me deparei com trabalhadores da prefeitura consertando o asfalto. Uma cena corriqueira na cidade de São Paulo, mas que me levou a várias reflexões acerca dos detalhes da vida cotidiana que apresentam o universo que ainda desconsidera a diversidade de gênero, além de reforçar a mentalidade machista que nasceu na nossa sociedade.
Na cena citada, uma placa informava: “Homens Trabalhando”. Aos olhares “autômatos” e sem abertura a percepções sensíveis à exclusão e as mudanças que ocorrem sobre a questão do masculino e feminino, a mensagem na placa é objetiva e de fácil entendimento, afinal estamos acostumados.
Entretanto, ao me aprofundar no significado limitante da informação, me perguntei: Poderia no meio dos trabalhadores terem mulheres trabalhando? Seria possível que tivessem pessoas não-binárias no grupo de operários? Qual a chance de ter uma pessoa que não se identifica com o gênero masculino? A resposta é sim para todas as questões, pois é exatamente aí que entra o respeito à diversidade que tanto se fala neste século. Se na placa estivesse escrito “Pessoas Trabalhando”, seria algo muito mais inclusivo. E tudo que promove a inclusão, está ampliando o ato de cuidar.
Para muitos que não compreendem questões de gênero, estes pequenos detalhes são sem importância, e vêm acompanhados de julgamentos como “frescura”, “mi mi mi”, modismo, etc; mas para quem está tentando se aceitar e ser aceito, pode representar algo muito importante para sua saúde mental, auto-estima e auto-confiança.
Não importa se neste momento você ainda não se sinta preparado para entender. Apenas respeite. Existe uma dor na exclusão, que pode ser transformada em sofrimento. Você pode começar a sua transformação buscando a reflexão nas pequenas situações diárias que o cerca.
Quando o termo pessoa é utilizado, estamos ampliando nossa representativa global como seres humanos, com infinitas possibilidades de existir, pois somos muito mais do que definições de papéis e rótulos.
*O texto produzido pelo autor não reflete, necessariamente, a opinião do Portal VSP
Viviane Lopes
Colunista VSP
Psicóloga formada há 28 anos pela Universidade São Judas Tadeu, Viviane tem especialização em Psicodrama e Yoga. É diretora de Teatro Senior, atriz, cantadeira e arteira. Já trabalhou na área da saúde, e hoje atua com educação e clínica, além de trabalhar há 30 anos na área social com o público longevo.
Foto: Arte/Redação VSP
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