A resiliência de gerações LGBTQIAPN+

A resiliência de gerações LGBTQIAPN+
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Uma homenagem aos pioneiros no Brasil

Por Nelly Winter*

No Brasil, um país que lamentavelmente lidera as estatísticas de violência contra pessoas LGBTQIAPN+, há uma geração que não apenas sobreviveu, mas floresceu em meio a adversidades inimagináveis. Estamos falando dos indivíduos LGBTQIAPN+ com 60 anos ou mais, que viveram sob a sombra da ditadura militar, enfrentaram o terror do epicentro do HIV/AIDS nos anos 80 e 90, e hoje carregam consigo a memória viva de batalhas que pavimentaram o caminho para as conquistas atuais.

Essa geração é um testamento de resiliência, coragem e pioneirismo. Eles foram a linha de frente, muitas vezes solitária, na luta por reconhecimento e dignidade em um cenário hostil. Seus corpos foram palcos de resistência, suas vidas, atos de insurreição. Eles desafiaram normas, romperam silêncios e, com a própria existência, construíram um legado de visibilidade e força.

Ao relembrarmos ícones como Rogéria, a eterna “travesti da família brasileira” que com seu carisma e talento abriu portas e desmistificou preconceitos; Nany People, com seu humor afiado e presença marcante, que continua a inspirar e entreter; Vera Verão, uma força da natureza que com sua alegria e autenticidade marcou época; Leonora Áquilla, que com sua inteligência e militância trouxe debates importantes para a televisão; e Salete Campari, uma diva da noite que se tornou um símbolo de empoderamento. Não podemos esquecer de Clodovil Hernandes, que, apesar de controverso, foi uma figura LGBTQIAPN+ com grande destaque na mídia e política; e Leão Lobo, que com sua trajetória no jornalismo de celebridades contribuiu para a visibilidade de diversas personalidades LGBTQIAPN+.

Esses artistas, entre tantos outros, usaram suas plataformas para serem vistos, ouvidos e, acima de tudo, respeitados. Eles enfrentaram o escrutínio público, a discriminação e a violência, mas nunca se calaram. Sua persistência em existir e brilhar em um país tão adverso nos lembra da importância de honrar suas lutas.

Hoje, é nosso dever não apenas reconhecer, mas respeitar profundamente essa geração. Suas histórias são lições de vida, e suas cicatrizes, medalhas de honra. Eles abriram as picadas na floresta densa do preconceito, permitindo que as gerações mais jovens pudessem trilhar caminhos mais seguros e menos pedregosos.

A liberdade e os direitos que hoje conquistamos, por mais que ainda sejam insuficientes, foram erguidos sobre os ombros desses gigantes.

Que a memória desses guerreiros e guerreiras seja sempre celebrada e que suas vidas inspirem a continuidade da luta por um Brasil verdadeiramente inclusivo e respeitoso para todas as pessoas LGBTQIAPN+, em todas as idades.

*O texto produzido pelo autor não reflete, necessariamente, a opinião do Portal VSP

Foto: Rogéria/Acervo Rogeria Instagram

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