Sair do armário: uma decisão pessoal e necessária

Sair do armário: uma decisão pessoal e necessária
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Geralmente vista como obrigação ou rito de passagem, é primordial que a decisão de sair do armário seja feita no tempo certo e nas condições adequadas a cada pessoa

Por Nelly Winter*

A expressão “sair do armário” é frequentemente usada para descrever o ato de uma pessoa LGBTQIAPN+ revelar sua orientação sexual ou identidade de gênero. Contudo, essa decisão não deve ser tratada como uma obrigação ou um rito de passagem obrigatório. É essencial que essa escolha seja feita no tempo certo e nas condições mais favoráveis para cada indivíduo, respeitando seu conforto, sua saúde mental e sua independência financeira.

No Brasil, a realidade para muitas pessoas LGBTQIAPN+ ainda é desafiadora e, em algumas regiões, extremamente perigosa. De acordo com dados recentes, o Brasil é um dos países onde a violência contra a comunidade LGBTQIAPN+ é alarmante. Em muitos contextos, sair do armário pode expor essas pessoas a ameaças à sua integridade física e emocional. Para alguns, permanecer “dentro do armário” pode ser uma estratégia de sobrevivência.

Por isso, é fundamental que o processo de se assumir não seja visto como uma corrida. O respeito pelo tempo e pelo espaço de cada um é crucial. Muitas pessoas precisam de um suporte emocional e psicológico, além de uma base financeira sólida, para lidar com as possíveis consequências de se revelarem. Um ambiente de acolhimento e apoio pode fazer toda a diferença.

A saúde mental é um aspecto que deve ser priorizado nesse processo. A pressão para se assumir pode gerar ansiedade, depressão e até crises emocionais. É vital que a comunidade e os aliados ofereçam suporte, sem forçar a saída do armário, mas promovendo um espaço seguro onde cada pessoa sinta que pode ser autêntica quando estiver pronta.

Além disso, a independência financeira desempenha um papel significativo. A autonomia financeira proporciona segurança e opções. Para muitos, sair do armário pode ter repercussões que afetam sua estabilidade econômica, como rejeição familiar, perda de emprego ou discriminação. Estar financeiramente preparado pode ajudar a mitigar esses riscos e permitir que a pessoa se sinta mais confiante em sua decisão.

Sair do armário deve ser uma escolha pessoal, fundamentada em um senso de segurança e amor-próprio. Celebrar a diversidade e a autenticidade é um objetivo coletivo, mas cada trajetória é única e deve ser respeitada. Ao apoiar uns aos outros, criamos um ambiente onde a liberdade de ser quem somos não é apenas uma aspiração, mas uma realidade viável para todos.

Neste contexto, é fundamental que a sociedade se comprometa a promover a aceitação e a inclusão, para que, no futuro, sair do armário não seja uma questão de risco, mas uma celebração da identidade. Até lá, é essencial lembrar que cada um tem seu próprio tempo e que estar dentro do armário pode, muitas vezes, ser a escolha mais sensata e segura.

*O texto produzido pelo autor não reflete, necessariamente, a opinião do Portal VSP

Foto: Ivan Samkov/Pexels

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