O legado de Francisco

O legado de Francisco
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Nada de bens materiais ou financeiros, o legado que Papa Francisco nos deixa vem na forma de transformações sociais e sabedoria

Por Cristina Angelini*

O Papa dos pobres e dos marginalizados foi pro mundo espiritual, com certeza, em  paz e na Paz. Cumpriu sua missão.

Se o Papa João XXIII arejou e abriu as janelas da Igreja Católica Apostólica Romana com o corajoso Vaticano II, o Papa Francisco decidiu “escancarar” as portas da Igreja. O próximo Papa pode e fará mudanças, mas creio que será difícil desfazer o “feito” de Francisco.

Fez mudanças importantes para a própria Igreja e para disseminar a cultura da Paz no mundo. No artigo anterior citei algumas dessas decisões.

Hoje, quero deixar nesse espaço trechos do pensamento de Francisco e te convido a refletir sobre essas palavras.

Ele conversou com Fabio Marchese Ragona, que publicou o livro “Papa Francisco Vida – A minha história através da História.

A nossa vida é o livro mais precioso que nos foi confiado“. (pág 10)

“… Trata-se de uma das formas de comunicação mais bonitas e íntimas, narrar a própria vida. Ela nos permite descobrir coisas até então desconhecidas, pequenas e simples, mas, como diz o Evangelho, é das pequenas coisas que nascem as grandes.” (pág 10).

“… desde pequenos, temos fome de histórias tanto quanto temos fome de comida. Sejam elas em forma de fábulas, romances, filmes, músicas ou notícias… as histórias influenciam a nossa vida, mesmo sem termos consciência disso“. (pág  08 – fala do Papa Francisco no Dia Mundial das Comunicações em 2020) .

“… aprendi a me abrir para os outros e privar-me de algumas coisas para dá-las a pessoas mais pobres do que eu. Afinal, o caixão não tem gaveta, lembra? ” (pág 63)

Na Igreja, só é insubstituível o Espírito Santo, e que o único Senhor é Jesus Cristo.” (pág 232)

“… gosto de definir as pessoas que participam de manifestações não violentas como “samaritanos coletivos” que intervêm para a defesa da dignidade dos seres humanos, de qualquer ser humano.” (pág 42).

o nome de Deus é desonrado e profanado na loucura do ódio: ocorre hoje, assim como ocorreu com as ações perversas dos regimes durante a Segunda Guerra Mundial. A história se repete, e testemunhamos isso em nosso cotidiano, com o que acontece, por exemplo, na Ucrânia ou no Oriente Médio.” (pág 43).

Toda guerra, para realmente terminar, precisa do perdão, ou então nunca se dará justiça, e sim vingança!” (pág 54)    

São Paulo nos indica o caminho a seguir quando diz que a misericórdia, a benevolência e o perdão são os melhores remédios que podemos usar para construir uma cultura de paz.” (pág 54)

É imoral! Como podemos nos afirmar defensores da paz e da justiça e ao mesmo tempo construir novas armas de guerra?” (pág 60)

“… três imperativos morais que podem abrir um caminho de paz: recordar, caminhar juntos e proteger.” (pág 60)

“… é preciso uma mobilização espiritual coletiva de todos os cristãos para apoiar concretamente as associações que têm lutado todo dia pela abolição da pena de morte.” (pág 72)

Mas falar dos pobres não significa ser, automaticamente, comunista: os pobres são a bandeira do Evangelho e estão no coração de Jesus!” (pág 73)

“… nas primeiras comunidades cristãs, a propriedade era compartilhada. Isso não é comunismo, é cristianismo no estado mais puro! ” (pág 74)

 “Os princípios da Doutrina Social da Igreja são nosso farol e nos oferecem uma contribuição decisiva: Justiça, dignidade pessoal, subsidiariedade e solidariedade.” (pág 97)

“… nunca me cansarei de dizer que o aborto é um homicídio, um ato criminoso; não há outras palavras: significa descartar, eliminar uma vida humana que não tem culpa.” (pág 97)

Pensemos nas grandes religiões: elas não ensinam a temer ou dividir. Ensinam harmonia, união, tolerância. O medo paralisa as relações humanas, ameaça a fé, alimenta a desconfiança em relação ao outro, ao desconhecido, ao diferente.“(pág 101)

como seria bonito um mundo com muitas pontes no lugar de barreiras; as pessoas poderiam se encontrar e viver juntas em nome da fraternidade, diminuindo as desigualdades e aumentando as liberdades e os direitos.” (pág 152)

É preciso superar as barreiras das ideologias, que ampliam o ódio e a intolerância.” (pág 152)

Colocar-se a serviço dos mais frágeis, dos pobres, dos mais necessitados, é o que todo homem de Deus, em especial quem está nos cargos mais altos da Igreja, deveria fazer: é preciso que o pastor carregue o cheiro das ovelhas.” (pág 171)

Nas periferias, o trabalho da Igreja é crucial, sobretudo quando o Estado é ausente.” (pág 180)  

“… basta um almoço com os pobres, basta um encontro, um olhar, para encontrar a força necessária para seguir em frente.” (pág 183)

“… nosso compromisso com a paz deve ser diário, em especial, para aqueles países onde a guerra parece não ter fim.” (pág 194)

“… devemos trabalhar juntos por um mundo mais justo e igualitário, reconhecendo os direitos e as liberdades fundamentais, sobretudo a religiosa, transformando-nos em construtores de civilidade.” (pág 200)

Vivemos em uma época em que urge repensar o modelo econômico e a nós mesmos, tentando olhar o mundo com os olhos dos pobres e dos marginalizados.” (pág 212)

“… o mercado, por si só, não resolve tudo, embora às vezes nos queiram fazer crer nesse dogma de fé neoliberal.” (pág 212)

“… devemos aceitar estruturalmente que os pobres têm dignidade suficiente para se sentar em nossas reuniões, participar de nossas discussões e levar o pão para sua casa.” (pág 213)

“… Cláudio Hummes se aproximou, beijou-me e disse a frase que permaneceu sempre em meu coração e em minha mente: – Nunca se esqueça dos pobres…” (pág 245)

Uma Igreja pobre para os pobres, uma Igreja hospital de campanha, uma Igreja Missionária, de saída, com uma Cúria Romana reformada…” (pág 248) 

 “Parem as armas! Parem as bombas! Parem a sede de poder! Parem, em nome de Deus! Basta, eu lhes imploro!” (pág 252)

” … penso também nos anos trágicos em que vivemos a pandemia, um momento que nos fez entender quanto o mundo é frágil e quanto a humanidade precisa parar, olhar-se no espelho e refletir sobre si própria.“(pág 253)

E te faço mais um convite que tal rezar, sempre, a oração do bom humor? Jorge Mario Bergoglio rezou diariamente por mais de 40 anos.

Oração do bom humor de São Tomás Moro

Senhor, dai-me uma boa digestão,
mas também algo para digerir.
Concede-me a saúde do corpo,
com o bom humor necessário para mantê-la.

Dai-me, Senhor, uma alma simples,
que saiba aproveitar tudo o que é bom e puro
para que não se assuste diante do pecado,
mas encontre o modo de colocar de novo as coisas em ordem.

Concede-me uma alma que não conheça o tédio,
as murmurações, suspiros e lamentos,
e não permitais que eu sofra excessivamente
por esse ser tão dominante que chama “Eu”.

Dai-me, Senhor, senso de humor!
Concede-me a graça de compreender as piadas,
para que conheça na vida um pouco de alegria
e possa comunicá-la aos demais. 
Amém!

Nota da articulista
Livro citado:
Papa Francisco Vida – A minha história através da História.
Papa Francisco com Fabio Marchese Ragona 
Tradução Milena Vargas, Editora – Harper Collins – 2024.

*O texto produzido pelo autor não reflete, necessariamente, a opinião do Portal VSP

Foto: Vatican News/Reprodução

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