Fake news: liberdade de expressão e seus limites

Fake news: liberdade de expressão e seus limites
Compartilhe este artigo

Liberdade de expressão é um direito fundamental, mas há limites para esse direito

Por Deborah Molitor e Geny Lisboa*

Existe uma distinção entre o que seja desinformação e as chamadas “fake news”. Desinformação é um termo mais amplo que abrange qualquer conteúdo falso, equivocado, enganoso, impreciso, manipulado, fabricado, fraudulento, ilícito ou odioso, além de informações divulgadas fora de contexto. Já as fake news são um tipo específico de desinformação, focado em notícias falsas deliberadamente criadas para enganar.

O debate em torno da regulação de conteúdos falsos nas plataformas digitais levanta questões centrais sobre o equilíbrio entre a liberdade de expressão e a proteção de direitos individuais e coletivos.

A liberdade de expressão é um direito fundamental reconhecido em grande parte das constituições democráticas, inclusive no Brasil, e em ratados internacionais. Entretanto, esse direito não é absoluto. Quando o exercício da liberdade de expressão gera danos a terceiros, viola direitos fundamentais, como a honra, a privacidade e a dignidade, ou compromete a segurança pública, surgem conflitos que exigem intervenção jurídica.

No contexto das fake news, o limite entre a manifestação de opiniões e propagação de informações falsas pode ser nebuloso. Diversos países têm buscado mecanismos para responsabilizar aqueles que divulgam conteúdos falsos que causem prejuízo a terceiros e à sociedade. No Brasil, por exemplo, a divulgação de informações inverídicas que ofendam a reputação de alguém pode configurar crimes como calúnia, difamação ou injúria; indivíduos ou empresas afetados por fake news podem buscar reparação de danos morais materiais; e, quando as notícias falsas impactam consumidores, como no caso de publicidade enganosa, empresas podem ser responsabilizadas sob o viés do direito do consumidor.

Por isso, as empresas de tecnologia têm sido pressionadas a identificar, moderar e remover conteúdos falsos, mas enfrentam desafios para estabelecer critérios transparentes e evitar a censura. A questão fundamental é saber como equilibrar a necessidade de combater a desinformação sem cercear a liberdade de expressão, que também envolve o direito à crítica e à diversidade de opiniões.

Contudo, é essencial criar mecanismos eficazes para impedir que a disseminação de notícias falsas prejudique a sociedade, pois podem gerar implicações severas, como a incitação ao ódio a determinados indivíduos e/ou grupos, gerando desarmonia, discriminação e violência na sociedade, além acarretar a aplicação de sanções de natureza criminal aos envolvidos.

Assim, o enfrentamento jurídico das fake news não é apenas uma questão de responsabilização, mas de construção de uma sociedade mais informada e consciente dos limites entre a liberdade e o abuso desse direito.

*O texto produzido pelo autor não reflete, necessariamente, a opinião do Portal VSP

Foto: Mustafa Youssoufi/Pexels

Siga o Viver Sem Preconceitos nas Redes Sociais

Curta, comente, compartilhe…

Vamos fazer do mundo um lugar melhor para se viver,
um lugar com menos preconceitos!

O Portal Viver Sem Preconceitos autoriza a reprodução de seus conteúdos -total ou parcial- desde que citada a fonte e da notificação por escrito.
Para o uso de matérias e conteúdos de terceiros publicados aqui
, deve-se observar as regras propostas por eles.

Colunistas

Colunistas

Coluna semanal de nossos articulistas, sempre com temas variados sobre a diversidade e a luta contra o preconceito e as discriminações.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *