Precisamos falar sobre sexo

Precisamos falar sobre sexo
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O tema aborto virou assunto em todos os cantos. Por isso, precisamos falar sobre sexo… nas escolas

Por Cristina Angelini*

A discussão é: o número de semanas, se é pecado ou não, contra ou a favor, e sempre pensando na vítima. A figura do estuprador, nessas discussões, não aparece, ele parece intocável. Não vi uma conversa sobre educação sexual nas escolas, então, vamos começar do começo.

O professor é um aliado na educação dos filhos e não um inimigo da família. Uma criança que está sendo “abusada” dentro de casa, onde acontece a maioria dos casos, poderia ter na figura do professor,  ou durante as aulas de educação sexual, orientações suficientes para saber quem pode tocar no seu corpo, uma boa conversa pode mostrar a essa criança que a denúncia é necessária, e que o professor é um amigo, um aliado e ficará do lado dela.

Uma orientação adequada, no ambiente escolar, pode até evitar o primeiro tipo de assédio sexual, porque a criança estará atenta e saberá como se defender, contar pra alguém e não deixar se enganar por intimidações. Falar abertamente, usando a didática pedagógica, o sexo será visto como ele é. E não com tabu, como pecado, como coisa feia, ou seguindo orientações de  um pastor, um padre fundamentalista, dizendo que sexo é coisa do demônio, a criança bem orientada saberá a diferença entre sexo e assédio sexual. Saberá, inclusive, que sexo faz parte da vida. E depois, poderá seguir os costumes da sua religião. Se casa ou não virgem etc, mas ela precisa ter boas orientações para não ser “abusada” e ter consequências psíquicas pelo resto da vida.  

Os pais precisam escutar os professores e acreditar no que ouvem para o bem dos seus filhos. Um dia uma diretora de escola pública me contou. Um aluno criava muita confusão entre os colegas e desrespeitava os professores. A mãe, depois de muita insistência, atendeu o chamado da direção e foi até a escola, mas questionou se as atitudes do filho tinham sido gravadas. A resposta foi negativa. Ela disse – então eu acredito no meu filho. O professor, então, respondeu a ela – Tudo bem, a gente aguenta seu filho só por mais 04 anos, mas a senhora vai conviver com ele pelo resto da vida.

O professor fez um alerta, apenas um alerta. Sabe aquela frase ou pelo amor ou pela dor? Pois é.

Será que ainda vamos continuar ouvindo o número de crianças estupradas, a maioria dentro de casa, e a extrema direita querendo que elas sejam penalizadas, como criminosas, e nenhum projeto de educação sexual, decente, didático, sem fundamentalismo religioso, discutido e implementado nas escolas do Brasil?

*O texto produzido pelo autor não reflete, necessariamente, a opinião do Portal VSP

Foto: Arthur Krijgsman/Pexels

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