Preconceito contra a poesia

Se mesmo com a produção da poesia em alta, o preconceito contra ela não deixa de existir, há um motivo. E se existe um motivo, a culpa é de quem?
Por Ricardo Soares*
Nunca se publicou tanta poesia. E nunca se leu tão pouca poesia. E nesse paradoxo nada poético navega firme e forte o preconceito contra a poesia. Como se ela fosse tão somente chorumela existencial, desfile de dores de amores feitas sem o menor critério e demais espasmos de consciência puramente confessionais e , vá lá, sem a menor poesia.
É infinitamente maior o número de maus poetas comparando com os poucos bons que soçobram nesse mar revolto da palavra. Isso é fato e, talvez, se explique o preconceito contra toda a poesia. Todos os dias me assombra a legião de gente que diz ser poeta e brota do chão como erva daninha sem ter lido sequer os poetas passados e antepassados e cometendo garatujas que se confundem com versos. É o festival da ruindade extrema. Mas, quem sou eu pra julgar se cometo às vezes o mesmo erro? Insisto em impor ao mundo – no caso virtual – os meus versinhos.
Simples e simplista como talvez esse texto seja digo que o melhor antídoto para o preconceito contra a poesia é ler boa poesia e não as centenas de milhares de versos e palavras que se confundem com “boa poesia”. Por sorte a lista de bons poetas e de boas poesias é imensa e, talvez, as modestas sugestões que abaixo encaminho sirvam como bússola para aqueles que insistem em ter preconceito contra a poesia. Afinal é a falta de poesia nesse planeta, de um viver mais poético e contemplativo, como queria Thoreau em Walden, é que nos mergulhe na nau dos insensatos que caminha , com velocidade , para o abismo.
Tome então, todos os dias, doses cavalares de Fernando Pessoa, Manuel Bandeira, Drummond, João Cabral de Melo Neto, Ferreira Gullar, Paulo Mendes Campos, Rimbaud, Baudelaire, Manoel de Barros, Torquato Neto , Mário Faustino, Cacaso, Capinam, Ana Cristina César, Glauco Mattoso, José Paulo Paes, Gonçalves Dias, Castro Alves, Álvares de Azevedo, Renata Pallotini, Pablo Neruda, Garcia Lorca e muito mais. Consuma sem moderação. Só enxergo isso como solução para discernir entre joio e trigo. Para acabar com o seu preconceito contra a poesia.
*O texto produzido pelo autor não reflete, necessariamente, a opinião do Portal VSP

Ricardo Soares
Colunista VSP

Jornalista, escritor, roteirista e diretor de TV. Dirigiu 12 documentários e escreveu para a TV Cultura, Rede SescSenac, TV Brasil, GNT e outras. Um dos criadores e primeiro apresentador do programa Metrópolis da TV Cultura. Fez parte da equipe que fundou o Caderno 2 do Estadão. Publicou 10 livros, entre eles, os romances Cinevertigem e Amor de Mãe, além dos infantojuvenis Valentão e O Brasil é feito por nós?
No Instagram fala de livros em 1 minuto no @naredecomsede.
Foto: Reprodução Instagram/Na rede com sede

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