Alimentos ultraprocessados e desenvolvimento infantil

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Ultraprocessados: um alerta necessário sobre os alimentos práticos e saborosos, mas com impactos significativos e preocupantes no desenvolvimento infantil

Por Melaine Machado*

A infância é um período crucial para o desenvolvimento físico, cognitivo e emocional. É durante essa fase que os hábitos alimentares são formados e que o corpo e o cérebro da criança passam por intensas transformações. Contudo, o aumento no consumo de alimentos ultraprocessados entre crianças acendeu um alerta para pais, educadores e profissionais de saúde. Esses produtos, que muitas vezes são vendidos como práticos e saborosos, podem ter impactos significativos e preocupantes no desenvolvimento infantil.

O que são alimentos ultraprocessados?

Alimentos ultraprocessados são formulações industriais que passam por diversos processos químicos e contêm ingredientes artificiais, como conservantes, corantes, aromatizantes e emulsificantes. Exemplos incluem salgadinhos de pacote, refrigerantes, biscoitos recheados, macarrão instantâneo, nuggets e cereais açucarados. Apesar de práticos, esses alimentos são, em geral, pobres em nutrientes essenciais e ricos em calorias vazias, açúcar, sódio e gorduras de baixa qualidade.

Os impactos no desenvolvimento infantil

  1. Déficit nutricional
    Alimentos ultraprocessados oferecem pouco ou nenhum valor nutricional. Quando consumidos em excesso, substituem alimentos frescos e naturais, como frutas, vegetais, proteínas magras e grãos integrais, fundamentais para o crescimento saudável. Isso pode levar a deficiências de vitaminas e minerais, como ferro, cálcio, zinco e vitamina D, essenciais para o desenvolvimento cerebral, ósseo e imunológico.
  2. Alterações no comportamento e cognição
    Estudos mostram que o consumo elevado de açúcar e aditivos químicos, comuns nesses alimentos, pode impactar negativamente o comportamento infantil. Crianças que consomem grandes quantidades de ultraprocessados podem apresentar maior irritabilidade, dificuldade de concentração, impulsividade e até mesmo pior desempenho escolar.
  3. Risco de obesidade e doenças crônicas
    A alta densidade calórica e a presença de açúcares adicionados nos ultraprocessados contribuem para o aumento do sobrepeso e da obesidade infantil. Além disso, a exposição precoce a esses produtos aumenta o risco de doenças como diabetes tipo 2, hipertensão e problemas cardiovasculares, que podem surgir ainda na infância ou na vida adulta.
  4. Desconexão com o ato de comer
    Os alimentos ultraprocessados incentivam um consumo rápido e desatento, diminuindo a conexão da criança com o ato de se alimentar. Essa desconexão pode dificultar o aprendizado de hábitos alimentares saudáveis e promover escolhas prejudiciais a longo prazo.

O que fazer?

  1. Educar para escolhas conscientes
    Pais, cuidadores e escolas desempenham um papel fundamental na educação alimentar das crianças. Ensinar desde cedo sobre os benefícios dos alimentos naturais e os malefícios dos ultraprocessados é uma forma de promover escolhas mais saudáveis e conscientes.
  2. Estimular a alimentação em família
    Refeições em família são momentos valiosos para incentivar o consumo de alimentos frescos e criar uma relação positiva com a comida. Além disso, cozinhar com as crianças pode ser uma forma lúdica de despertar o interesse por ingredientes naturais.
  3. Repensar o lanche escolar
    A lancheira infantil é uma oportunidade para introduzir opções saudáveis e equilibradas. Frutas frescas, castanhas, sanduíches integrais e iogurtes naturais são alternativas nutritivas que podem substituir os ultraprocessados com criatividade.
  4. Apoiar políticas públicas
    O combate ao consumo de ultraprocessados também requer ações coletivas. Políticas públicas que promovam a educação alimentar, a regulamentação da publicidade infantil e a maior acessibilidade a alimentos frescos são essenciais para reverter esse cenário.

Conclusão

O impacto dos alimentos ultraprocessados no desenvolvimento infantil vai muito além da nutrição. Ele afeta o crescimento, a saúde mental, o comportamento e a qualidade de vida das crianças, comprometendo seu futuro. Por isso, é fundamental repensarmos nossos hábitos alimentares e incentivarmos práticas mais saudáveis no dia a dia. Proteger a infância é uma responsabilidade coletiva, e garantir uma alimentação de qualidade é um passo essencial para construir um futuro mais saudável e inclusivo.

*O texto produzido pelo autor não reflete, necessariamente, a opinião do Portal VSP

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Foto: Kenneth Surillo/Pexels

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